Obrigado Querida Azul. Sempre presente. Beijo a ti.
terça-feira, 30 de junho de 2009
Prémio Lemniscata
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Morrer de paixão
Faz-se sangrar nas reticências o bater do coração.
Tudo se torna enorme.
Na mão do escritor a mariposa dança, a espada desfecha a golpes certeiros e abertos o fluír de uma corrente quente despejada de um sentir electrizado que o consome e alimenta. Deseja a dor da lágrima, a dor da saudade, a dor da dor, uma seiva contínua que floresce a cada desenho, cada rabiscado engelhando folhas, emoções, sentidos.
Sente-se satisfeito na insatisfação: falta-lhe o ar, sobeja-lhe a inspiração.
Enquanto escrever a morrer de paixão o verbo lhe valerá.
domingo, 28 de junho de 2009
Ouvir as nuvens
Espero que chova, talvez chores, talvez pressintas, talvez adivinhes, talvez distante me toques.
Peço ao céu uma mudança, do amanhã quero nada.
Espero sorrir, um afago, roçagar de rosa branca, talvez um dia empalideça na tua memória e tu perdido em ti me sonhes.
Peço ao tempo que se quede, dos deuses não quero nada.
Espero rara e difusa o fio da lembrança, o contorno da voz, o sopro da presença.
Não busques mundo fora, vem ouvir as nuvens.
(in Versos Ainda Mais Doidos, C.G -27/08/2007)
sábado, 27 de junho de 2009
Uma casa na árvore
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Outras palavras
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Gente vulgar
As palavras que foram ditas e os sorrisos que delas se acenderam foram a coisa comum e directa da vida numa relação de causa-efeito. Ruelas numa via principal. Sem nome. Que a pardacidade da gente vulgar encolhe a vontade do risco, arrepia caminho às adivinhas, prefere o recuo malandro ao desbravar, exonera-se no destino e volta para tráz seguindo o caminho das pedras.
O que ficou por sentir tem o encanto sebastiânico e cesarino do que podería ter sido, a memória do que não chegou a restar, areia presa entre mãos que tão pouco têm estas poder e arte para segurar o coração ou cercear o voo do querer.
Sempre entenderão o mundo como dia e noite, quatro estações, nascer, respirar e partir.
O que ficou por dar e mostrar foram os sonhos, jardins de poesia que despontam frescos mas perfumados de venenos que viciam.
C.G., Set/2007
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Máscaras
Carvão e ardor
Morte e desejo.
Em tudo mim se desdobra
De si,
A meio,
A quarto
Crescente...
Uivo na cheia,
Nado na noite a fugir,
A correr dos dois
Eu
E eu.
A cada dois,
Sou-me, invento-me, eu a mim!
Eu a eu.
E mais fogo e mais chuva e mais não e eu
Também!
Teimoso o eu do eu!
O do meio,
O que separa dois,
O que fatia,
Fatia a talhada.
São dois.
São eus,
São gémeos de mim.
(C.G.-Março 1989)
terça-feira, 23 de junho de 2009
O coração
Apoiado no cotovelo, espalmando-se contra o balcão frio de um qualquer bar, escuro e fumarento, lugar de solitários que se acompanham como a matilha, em grupo e cada um por si.
Lá está ele, de tão profundo vermelho cambia no negro, como uma pisadura de tantas dores que sofreu, ergue-se e afunda-se em carrocéis de sem-fim, desalentado agora, ansiando logo mais que uma gota de luz o avive, faça saltar, quiçá pular e perder-se no mundo afora.
Escondido, amachucado, pequenino que precisa de colo, uma só palavra fá-lo sorrir, um só olhar atira-o para um poço fundo e lodoso.
Ali sorridente, maravilhado como os tontos ficam, cego à fealdade, alimenta-se parca e violentamente de colheradas mal trituradas achando-se rei no manjar.
Observem-no: não o acham comum, patético naquela tristeza primária de abandono?
E no entanto vêmo-lo altivo, comandante, audaz e herói...
(C.G.-03/05/2006)
segunda-feira, 22 de junho de 2009
(Surdos) Silêncios
Na verdade ouço-os mas faço de conta que não é importante.
Pena que me sinta tão cansada que nem darei a luta que merecem. E mais acabada estarei depois, quando eles entenderem que já disseram incontrolavelmente tudo.
Confessadamente, por estes tempos acho que não sou de ninguém ou serei um bocadinho de todos ou não serei nada disto, apenas o formigueiro que recomeça num silêncio surdo.
domingo, 21 de junho de 2009
Risco a risco
sábado, 20 de junho de 2009
Contra as horas
É a esta hora a eleição das letras, do bater rápido mas mal tocado nas teclas que distribuo por frases, combóios delas. Parece que a pouca da noite dormida se encheu e o caudal agora sem retenção possível alaga páginas de um virtual onde o silêncio, o gato dormindo sobre a secretária à minha esquerda no aquecer da lampada e o café esquecido na chávena da sorte são ninho bastante para me acomodar e fazer leito desta água que desafogo por aqui.
Vem o sono, o bocejo, os pensamentos por este, aquele, lugares, sons.
O eu de mim sacudido pelos eus. Seguram-me a mão, ajudam-me a marcar letras. Abro os olhos e as palavras já cá estão. Fui eu? Não, fui eu.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Memória sabática (2-Os sons)
Trazía folhas soltas escritas dos dois lados, sem continuação do parágrafo solto aqui e ali, depois noutro lado, depois em lado nenhum, que a verdade é que nunca fui muito de tomar apontamentos ou até mesmo agarrar-me aos livros como uma menina estudiosa; passava tudo pelo ouvir, pelos sons das palavras que me chegavam e eu agarrava na lembrança, era muito como o cantar de cor.
O inicio demorava, a folha encabeçada pelo título ficava especada a olhar-me. E num repente, em ondas imparáveis chegavam palavras, frases inteiras, uma velocidade dificil de acompanhar, desenvolvía-se o trabalho quase por si mesmo. De quando em vez a objectividade escapava-se por entre linhas mais ou menos poéticas, a ficção aparecía, fugía do meu rumo inicial, aquele não era um texto de faz-de-conta, as teclas a baterem no papel e a tingirem-no, uma e outra letra que teimosamente se prendía entre os ganchos das outras, retrocesso, engano, radex, tablador, roda o cilindo, muda a linha.
Pelas seis e meia o sono aparecía, a Mãe também, o sermão, por fazer os trabalhos em cima do acontecimento, o barulho a incomodar os que queríam sossegar, a nota que decerto, sem preparação prévia nem estudo aplicado rondaría não mais do que o suficiente... Arrumava tudo, acertava as folhas cheias, recolhía-me e finalmente dormía num sono profundo, cansado mas sossegado depois de remoer uma insónia antes de despejar o que tinha dentro da cabeça.
Nunca tirei notas inferiores a 15, 16 valores. E hoje acordei com o som da máquina de escrever, a voz da minha Mãe a ralhar-me, um tempo que eu achava dificil, mas só porque não conhecía os de agora. Agora não me dão notas de 15 ou mais valores, mas continuo a ser avaliada e nem sequer me dizem quanto merece o meu trabalho.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Entrançando
Mas entrançar o cabelo teve a mística de recuar. De avivar tempos em que amigos, amores e inimigos estavam, em que o tempo parecía maior para cuidar de todos eles.
E o que lhe parecía é que o tempo que passara havía sido sempre melhor do que o presente. Embora na verdade não o tivesse sido, ou pelo menos fora tão mau e tão bom quanto o que agora lhe corría.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Jogos (virtuais)
Pois é, é coisa inesperada, mas muito divertida de se jogar...
terça-feira, 16 de junho de 2009
Perfil do tempo
Voltou de novo a despistar-se numa curva qualquer que ainda não descobri.
Nem sempre o urgente é o importante. Resta apurar se a urgência dos eus é o mais importante para a felicidade do mim. Se do tempo dependo se de mim espartilhada culpo os outros na responsabilidade da escolha.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Dizer com árvores
domingo, 14 de junho de 2009
Fala-me do que vês
sábado, 13 de junho de 2009
Parabéns
Digam o que disserem não acredito, não há a menor possibilidade de ter acontecido. Como podería? Falo com ele todos os dias, por vezes mais do que uma vez, escuto-lhe os receios, os anseios e quando não é ele que chega, um outro vem e se reflecte no vidro da janela a falar com o meu reflexo.
Cavaqueamos.
Admiramo-nos inconfessadamente. Recatadamente como uma admiração que se tem pelo outro mas não se quer dar a entender por parecermos tolos em permitirmo-nos sentir essa alegria única. Escrevemo-nos assiduamente, mesmo falando todos os dias, encontrámos a sublimação em repartir esta espécie de amor através das letras, assim parece que não nos viciámos e não estamos dependentes um do outro. Cobardemente.
Mas que interessa?
Se este é o nosso mundo, a nossa aldeia, o nosso Rio a chorar por nós. Não nos podemos condescender nas lágrimas próprias, deixamos a epifania para os outros. Eu nada lhe digo e ele cumpre igualmente a parte do acordo: Insatisfação, felizmente.
Por isso, repito, é mentira que tenha partido. Encontro-o em mim nos segundos que respiro a fingir que sou eu, ou ele, ou todos nós nos multiplos orgãos que pulsam, que desejam, que envelhecem precocemente a esgotar um raciocinio que tantas vezes condenamos, castigamos e absolvemos.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Lutas
Mais um episódio de embates frontais em que os eus gritam a sua supremacia de braço erguido e esperam que eu proclame o vencedor. E o derrotado.
Sinto que esperam de mim essa atitude, aguardam-me vitoriosos ao esmagar o outro, do eu sobre o outro, o eu sobre o eu, um choque frontal de vencedores, cada um a seu modo e a seu tempo. Eu - sem tempo e sem modo de na omnipresença declarar na intemporalidade e simultaneidade quem leva o troféu.
Eu - um despojo de guerra.
Tentam repartir-me mas o orgulho impede-lhes de me levar aos bocados. Ou tudo ou nada.
E nisso somos (eu+eus) iguais.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Machado
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Dormir, acordar, dormir
terça-feira, 9 de junho de 2009
Dimensão
É que as palavras são feitas de carne. Podem acariciar como uma mão nas costas ou magoar como um soco no estômago.
As palavras são alma. Desenfreiam tempestades e revelam a luz da confissão.
As palavras são homens, são mulheres.
Usá-las levianamente é o mesmo que emitir ruídos. Silenciá-las no tempo certo é a eloquência maior. Proferi-las é dar de si. Escrevê-las é entrar na 5ª dimensão.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Chuva de Junho
domingo, 7 de junho de 2009
Meme
És homem ou mulher?
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Álvaro de Campos
Descreve-te:
Faço por confundir a minha sombra comigo:
estou sempre às portas da vida,
sempre lá, sempre às portas de mim! Almada Negreiros
O que os outros acham de ti:
Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, juntamente choro e rio;
O mundo todo abarco e nada aperto.
Como descreves o teu último relacionamento?
A praia abandonada recomeça
logo que o mar se vai, a desejá-lo:
Descreve o momento actual de tua relação:
Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde querias estar agora?
Qualquer caminho leva a toda a parte
Qualquer caminho
O que pensas a respeito do amor?
Ó Céus! Que sinto n'alma! Que tormento!
Que repentino frenesi me anseia!
Que veneno a ferver de veia em veia
Me gasta a vida, me desfaz o alento! Bocage
O que é a tua vida?
Porque é que este sonho absurdo
a que chamam realidade
não me obedece como os outros que trago na cabeça?
Eis a grande raiva!
Misturem-na com rosas
O que pedirias se tivesses um só desejo?
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
sábado, 6 de junho de 2009
Distinção Junho 2009
Não é um prémio nem um meme.Não é uma corrente e logo não é transmissível a mais ninguém pelo que só a Árvore das Palavras tem o direito sobre o registo de os indicar e o indicado não o pode oferecer.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Aos poucos, mais uma
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Corpo de mensagem
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Isto é uma árvore
terça-feira, 2 de junho de 2009
Fabular(es) -7ºEnsaio
- Confirma-se.