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segunda-feira, 22 de junho de 2009

(Surdos) Silêncios

De repente um silêncio tremendo, uma invisibilidade que quase desconfio me há-de rebentar. Calados dentro de mim, sem baterem com os punhos sob a minha pele, sem exigirem o seu pedaço de atenção, a dormirem na mesma hora que eu.


Na verdade ouço-os mas faço de conta que não é importante.

Sei que por um destes dias vou pagar as favas e nada os fará travar na incontinência verbal com que costumam aparecer triunfantes.
Pena que me sinta tão cansada que nem darei a luta que merecem. E mais acabada estarei depois, quando eles entenderem que já disseram incontrolavelmente tudo.
Confessadamente, por estes tempos acho que não sou de ninguém ou serei um bocadinho de todos ou não serei nada disto, apenas o formigueiro que recomeça num silêncio surdo.


Volta tudo. Assisto-me e critico-me, eles aplaudem, acusam, fecho-me no armário. Um deles acende a luz. Queres ser responsável pela minha morte? Não. Então sai daí e atira-te à folha, cobarde!


Dói a mão mas já não é a mão, é todo o corpo num autismo das horas.


Sentam-me ao colo, afagam-me o cabelo enrolado nos dedos, brincam no lóbulo, dizem segredos enquanto me massajam as costas hirtas do hábito vertical, risco ao meio, metade eu, metade eles.


Eu toda escrevo. Vos.

6 comentários:

observatory disse...

e tu sempre tao autobiografica

... eu gosta daber falar das tuas coisas...

gostava

marisa disse...

É um mundo tão teu e deles, eu sei, mas obrigada por nos abrires por vezes janelas. Eu espreito com o devido respeito.
beijo
marisa

Teresa Durães disse...

o pior critico somos nós. Mas devemos sempre sair desse armário e aceitar a nossa humanidade

Gasolina disse...

Observatory

Nem tanto.
Ou melhor: Autobiográfica da Gasolina.

Beijo em ti

Gasolina disse...

Marisa,

É um mundo de quem me souber "ver" e ler e entender. Ou será demais se nem eu por vezes me percebo e aguento.



Um abraço apertado forte

Gasolina disse...

Teresa,

Ora aí é que está a questão!!!


Tanta humanidade atrapalha!