Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

sábado, 31 de maio de 2008

Meme




A CNS convidou-me para este desafio.

Quanta honra! E que responsabilidade vindo desta grande escritora...


São pedidas seis palavras para uma “muito curta” biografia (há quem opte por um conceito) e pode-se dar-lhes ênfase com uma imagem. Deve colocar-se o link para quem nos desafiou e a nós compete-nos desafiar cinco blogues, avisando-os deste mesmo convite.



Cá vai:




ÁGUA: a verdade
DANÇA: fala o corpo quando o verbo não chega
ESCREVER: o que sou e o que são os que moram em mim
FOGO: a paixão com que me entrego a tudo
MÃOS: dar, dar-me, querer, poder
OLHAR: frontalidade, a vida


A imagem que escolhi é como me sinto actualmente: a sacudir a poeira e preparada para seguir em frente depois de um caminho bastante acidentado. Mas acho que só tenho que agradecer ao meu instinto animal e como amo cavalos, nada melhor.


Ofereço e convido a participar deste meme, ao mesmo tempo um exercicio sobre o "EU",







À CNS, muito obrigado.

Um beijo

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Fabular(es)-2º Ensaio




- Não tenhas medo, vá lá!
- Mas assusta!
- É apenas uma sombra, não vês que é uma sombra?
- Hum... não sei... é tão grande!
- Claro que é! Por isso é uma sombra! As sombras esticam-se para se agigantarem! Só assim conseguem assustar! Mas não existem.
- Existem sim, que eu vejo-as!
- Não, não existem. Se as tentares tocar agarras nada! NADA!
- Mas se eu as vejo... muito compridas e escuras...
- São a maneira que elas arranjaram da gente as notar, ter medo, mas não existem. O que é verdadeiro pode ser muito pequenino. Como eu!
- Tu não assustas ninguém!
- Pois não. Mas se olhares a minha sombra vais ver como me torno uma fera imensa pronta a atacar-te quando estiveres distraído!
- Então...
- Então, o que conta é o que é verdadeiro e não uma miserável aparência que a qualquer momento se esfuma. Não existe sem o original e é ele que projecta essa sombra, entendes?
- Sim.
- Então agora faz-me uma festa! E pega-me ao colo para sentires como sou verdadeiro.




(ronronronron)

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Sonhar-te



O ruído que diferencia o mundo dos sonhos e até o dos pesadelos estala como uma casquinha que lentamente desenha um fio que racha sem sabermos por onde e nos traz de novo à vida de cá. A de lá fica entregue ao segredo do que se protege e tantas vezes assusta, um ardor de não saber explicar o como, porquê, de onde veio, bizarria do que se amontoa como um ferro-velho sem se entender porque razão se colheu e guardou.

Hoje sonhei contigo mas tu não sabes, nem eu sei. E acolho-te neste mundo interior sem rótulo mas que sempre acho apesar de misturado nos outros que por cá depositei ao longo do tempo, tantas vezes agarrados a pequenos nadas que se infiltraram como um liquido e empapam esta parte de mim feita de partes de outros e esses outros feitos da parte que de mim se perfila e se distancia como eus. Um eu de mim própria ladrão que se aconchega fadista e me usa e larga e que sempre acabo por receber amante.

Sonhei contigo e foi belo. Mas nunca to vou dizer, deixaría de ser o mundo dos sonhos. Contento-me pois em alisar essa memória aqui no papel, acharei que esse fiozinho que racha os dois mundos foi por mim dominado e que chegaste aqui porque também me guardas no ardor de teres passado para o lado de cá.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

O que me dão



Já me deram palavras, mãos, flores e pequenas árvores, raízes também, um ninho comigo lá dentro, fotografias de outros olhares, malmequeres de Aveiro, fados do outro lado de um oceano embalados pelas águas beijadas numa ilha, sabores iguais pela chuva, por Maios, por cavalos, por gatos e cães, paixão por silêncios e gritos do sentir, ventos na corrida de uma bicicleta, vagas que se atravessam como paredes transparentes, nuvens, muitas nuvens à minha escolha.

Abraços. Abraços cingidos e palpitados no disparo do coração que se oferece. Nos beijos, os abraçados, os confiados, os de rosto, os da maçã da boca, os imaginados por únicos e também os apertados no verbo traduzido.

Em prosa ou poema elegeram reinos e até construíram continentes na sabedoria de me tocar.

Enriqueço, braços a tudo agarrarem no próximo do peito de lhes merecer digna do gesto de gostar sem legenda nem a explicação cientifica e rebuscada ou do neologismo fatal que traia a intenção encapuzada do estar perto para dominar a acção.

A mentira cai por si só, um tecido podre na ofensa tentada do bréu da ignorância e da ausência do inteligente, da palavra vã e sem pão, do escárnio decalcado no roubo pequeno e coitado.

Amar saborosamente os que de vero se acercam que o tempo é um vermicida que ceifa o que se aproxima trajado de ovelha.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Numa noite de chuva


Julgou-se crescido e quanto mais o tempo passava mais se tomava desses convencimentos de que a verdade o possuía, sem erro, sem a indignação que as questões devem sentir para terem direito ao estatuto de dúvidas, confiava-se e cegava lentamente.

Por vezes falava das suas certezas e achava-se rei no bodo aos pobres, tomem lá, aproveitem que eu sei disto, eu escolho o certo e desperdiço o engano, não me armadilham o pensar e do sentir garanto que conheço todas as manhas da Primavera e os choros do Inverno.

Deixou as histórias de parte, minorizou-as na crendice encantatória da fraqueza humana, estático e imutável emperdeniu-se, preferiu-se estátua admirada num pedestal alto, o mais alto que lhe foi possível.

Só se tomou conta da sua grandeza quando se quedou nos gritos solitários, os outros em baixo não o conseguíam escutar, chegar ao toque do afago.

Há tanto silêncio...

Numa noite de Maio chegou a chuva...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Obrigado aos que passaram

Obrigado aos que vieram, deixaram palavras, lembraram da Árvore.

Volto.
Depois de tempos dificeis.
Decididamente e com mais força.


A seu tempo irei visitar-vos, agradecer-vos.


Um beijo, um abraço.


C.G.

From Kafka with love



- Queres sentar?

Não, não quero, a parede serve-me bem, ampara-me as dores, aguenta-me todas aliás até as que não são minhas e me magoam nos olhos dos outros.

Quanto tempo... sempre pensei que aqui não voltaría, que não tería de me bater com coisas passadas e cortar-me nos vidros da memória... ironia, pedi eu para regressar, ajoelhei-me e pedi para me trazerem até aqui, ficar na fila, ver outros rostos iguais ao meu na angústia reduzida de quatro em que caímos, dar nome ao que viemos, uma festa da condição humana em que animalescamente nos esprememos por caber em secções coloridas consoante a gravidade.

- Tens sede?

Tenho, mas não de água de beber, só do meu rio e do meu mar e da chuva e da vida, daquela que eu tinha e me desatava os nós dos dedos escritos e que agora teimo em estalar para me sentir aleijada e lembrar mal, mal porém ainda verticalizo o pensar, recuso-me a ouvir o canto dos ciganos que no canto da sala se acantoam em universos de luto e espantam a morte para longe dos seus vivos, batem palmas, enxotam o vómito daquela mulher que aperta a barriga e me olha vermelho, que quer ela? Não me olhes, não te posso valer, se queres ir vai mas não me peças a mão, eu não quero ir apesar do cheiro a urina e fezes e cor de sangues que marcam rastos até um branco tão branco que me enlouquece.

- Estou aqui há quanto tempo?

Ouço horas, quatro, cinco, serão treze como um número azarado mas é mentira, são contas feitas num espaço sem medida em que me perco de mim, procuro-me e parece que já fui, pergunto por mim a um homem magro de abdómen inchado prenhe de um câncro e ele mostra-me a boca, imita a vida que conheceu no beberricar de cafés enquanto aguarda a vez.

Eu espero pelo dia novo, quero ver o dia novo.

Talvez me tenham perdido e me mandem embora por achar que não sou daqui, condeno-me por me ter entregue, desejo tudo e nada, luto dentro de mim e mordo o que me parece distante.

Gestos




A F@ distinguiu o Árvore das Palavras com este gesto.


Muito Obrigado, que as nuvens nunca te faltem, que o sonho sempre te pinte o imaginário.


E eu atribuo-o a quem faz diferença.



Sem ordem alguma,




Marisa


Patti


Daniel


Laura


Victor


Aspásia


Fernando Vasconcelos


Papagueno


PoetaEuSou


Formiga



Um beijo.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Escrevi-te



Há muito tempo escrevi sobre ti, alimentei-me sobre coisas nossas e sobre coisas sonhadas que nunca foram nossas e escrevi sobre ti.

Continha-me para não verter de verbos e adjectivos que a vontade de dizer muito corría mais à frente e descompassava-se do ritmo da mão em explosões de cor.

Resolvi então falar de noites quentes, do esfregar das asas ociosas de cigarras, de luas inchadas e até das de meios quartos e outras que inventámos só para aproximar o tempo e o espaço que nos dava a barreira do infinito, tudo possível, tudo fácil quando a fábrica dos sonhos se põe a funcionar e bombeia nas veias o que se quer, nós queríamos, era o bastante.

Deve ter sido o frio, a chuva e os dias curtos que te levaram, para onde não sei, cheguei a gritar o teu nome, a adivinhar o teu regresso em qualquer nota de música daquelas que me davas nos sons que respirávamos mas no final, quando apurava os sentidos, eram apenas ecos do que tinham sido as estórias que eu escrevía.

Só foste quando foste escrito por mim.

As cigarras, as luas e as noites aquecidas vão voltar mas tu não, só a memória de coisas que nunca foram mesmo nossas e por que o verbo precisa de ser verdadeiro não escrevo mais sobre ti.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Sapatos novos


Doíam-lhe os pés, sapatos novos ainda um pouco duros à espera dos vincos dos caminhos por fazer, saltos demasiado empinados para que o mundo lhe parecesse tombado sob a sua vontade, um cheiro de estreia por não saber de prazos de regresso.
Ou não o querer saber, não se importar com o que largava nas costas, uma cauda demasiado longa e pesada que de rojo trazía pedras e lixo, separava-se dela heroicamente como se havía desfeito dos sapatos velhos ensinados na rotina do ir e voltar.
Desta vez não, é só ida, leve e incerta no rumo, de guias só a certeza do querer e do precisar, interromper-se enquanto há tempo e vontade de estreiar sapatos novos sem vicios e sem calos, sentir a fricção do inesperado a roçar uma quase dor para depois se moldar numa forma aconchegada e protectora.
Doíam-lhe os pés de conhecer o trajecto de olhos fechados.
Doíam-lhe os pés da memória.

terça-feira, 6 de maio de 2008

O que não mata fortalece



De um só golpe fino e certeiro afastou o inteiro, agora duas metades inteiras que ao contrário de perderem a força no seu todo se tinham duplicado para grande surpresa do autor. Primário pelo acto revelado decidiu assentar-lhe outros mas a mão nervosa só lhe trouxe várias facadas que em muitos pedaços mal cortados respingaram ao redor causando vestigios que dum perímetro controlado passaram a dominar terrenos alheios.

Uma fúria, agora tudo manchado do que quisera exterminar e tantos mais bocados que de per si constituíram um exército, viu-se rodeado sem escape de muitas coisas inteiras. Gritou, até o berro às vezes empurra o ar e este encosta o que se teme, mas da boca aberta ganharam tamanho pelo oxigénio emprestado, agora gigantes, muitos, todos inteiros, sem medos de urros ou de lâminas aguçadas, a marca húmida do sangue como chancelas a lacrar o que de seu exigiram.

E como se a força escoada no medo lhe fugira entregou-se, rendido, ao que enganado julgara poder combater.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Uma questão de principio



Não há cabeça mais demente do que aquela que da vitima a transforma no carrasco. Muda-se o rumo das marés e navega-se às avessas. Caminha-se na posição facial invertida auscultando o mundo de pés, o coice da besta que sem ver a quem lhe ferra o cascudo sentido projecta o certo num vácuo onde se perdem a dimensão dos principios.

A debutar sería o verbo, mas estilhaçou-se como a superficie de um lago onde se lançou de raspão a pedra que ressalta em círculos magoados. Já se sabe qual o fim da pedra, mesmo que esta enganada se ache pássaro por breves instantes: afunda-se.

Assim viaja alucinado o que impune crê que o castigo não chegará, as mãos ocupadas no chão não saberão afastar a água que torrente alaga e tão vivo como a pedra calha-lhe como leito o fundo escuro e solitário.

domingo, 4 de maio de 2008

Dos frutos e da vida


Há-de chegar o dia, mesmo que em lenda aconteça que os frutos se tragam verdes. Por dentro, amadurecem. Do seu sumo digerido sairão palavras suaves.
Da vida gera-se o homem novo.

sábado, 3 de maio de 2008

Maio




Mês cinco.


Mês de uma só mão de mãos cheias de sentidos que aperto colados entre os dedos e linhas cortadas a canivete curto no destino que faço de mim.

Um dedo por cada tempo apontado ao espaço que se aperta entre a vontade e o agir na calamidade afónica do grito silenciado do desgosto e do renascer, um motor parco e sem ronco que no solavanco aprende a mover os dias tão devagar para na surpresa os precipitar no pulo jocoso e vibrante do que se conhece de uma herança tatuada à força.

Há-de o Maio ser a passagem. A ponte para o riso que seca a chuva e torna a terra impermeável ao sangue do choro.

Há-de o Maio abrir-me a mão e deixar escapar os balões que guardo desde infante.



(in Calendário 2008, C.G.-01/05/2008)

sexta-feira, 2 de maio de 2008

JMF noreply-comment@blogger.com
para mim mostrar detalhes 03:39 (7 horas atrás)
JMF deixou um novo comentário na sua mensagem "ATENÇÃO PLAGIADOR O-MEU-DIVAN.BLOGSPOT.COM...":



Cara gasolina,


Antes de mais queira aceitar o meu pedido de desculpas por não fazer referência à sua pessoa a quando da publicação dos referidos textos.Não irei explicar porque não o fiz, tendo em conta que me apelida de verme em vez de pessoa e, como tal, merece apenas que os apague do meu blog sem lhe dever qualquer tipo de explicação.


Se, educadamente me tem pedido explicações, teria a resposta apropriada.A minha intenção não foi a de plagiar mas, ficará para segundas núpcias a explicação, ficando eu da mesma forma atento ao tratamento que vai dar a este assunto.


Relativamente aos leitores deste seu blog, aqui fica igualmente o meu pedido de desculpa, principalmente à leitora Marisa, a única que, para além da gasolina, teve a gentileza de me alertar para a falha por mim cometida, de não fazer referência à autora dos textos.


Quanto aos insultos e barbaridades que aqui foram proferidos relativamente à minha pessoa, sem me conhecerem minimamente, prefiro para já ignorar.


Espero ter satisfeito o seu pedido de me retratar, redobrando o pedido de desculpa por não ter feito referência à sua pessoa como autora dos textos e finalmente, gostaria de deixar um pedido:


Não somos de todo amigos e, como tal, se quer manter este post no seu blog, pelo menos agradeço que que altere a pessoa na forma como escreve e me trate por VOCÊ (o homem) em vez de TU (o verme).


Sem mais,

Atentamente,

JMF

quinta-feira, 1 de maio de 2008

ATENÇÃO




PLAGIADOR






O-MEU-DIVAN.BLOGSPOT.COM






QUEIRAM VISITAR ABAIXO OS LINKS VILMENTE ROUBADOS DO ÁRVORE DAS PALAVRAS POR JMF




















JMF RETRATA-TE PUBLICAMENTE, RETIRA O QUE NÃO ESCREVESTE E PEDE DESCULPA.



SÊ UM HOMEM








SERÁ QUE O VOSSO TAMBÉM LÁ ESTÁ?





eis os meus links para os meus textos, o que o ladrão chamou de mundos desconhecidos no título original de ECOS









E o outro que nem se deu ao trabalho de alterar o titulo





Há 1 Ano



Era assim. Um campo simples, sem grandes vistas, umas quantas flores ainda em botão.
Foi assim que nasci antes de ser Árvore das Palavras.
Foi assim que o verbo se resguardou na terra como raízes que se mantêm vivas apesar da vista apenas atingir um campo que não parecía arável.


Mas como tudo o que é feito de verdades, de carne e de amor sempre está salvo, a Flor resolveu semear, crescer e dar sombra. Mas também frutos.


E hoje verga-se pelo peso de tantas flores.


C.G.