Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Espaços




Confinada tridimensionalmente, a essência vagueia e despacha-se num ápice para outras latitudes onde ninguém a agarra. Bem podem chamar-me, insistir, gritar até, entoar-me de outra forma, meiga, áspera, discursos, discursos, eu não vou já fui, não é o caso de me fazer de surda, deseducada, é outra dimensão, é a liberdade, é o sitio mais fundo e mais aberto e mais profano e mais belo e mais assustador que existe por ser onde bato de frente comigo mesma, onde não escapo de mim própria. [Também nunca o fiz, confessadamente a minha fraqueza foi demonstrar a verdade em qualquer dimensão.]
Mas hoje apertada entre paredes que não me apetecem quería o mundo e o barulho mais a fuga da essência, que ele há dias gulosos em que o apetite não cala simplesmente com o fechar dos olhos para a fuga da glória dos sonhos e das palavras escolhidas.
Campos verdes. E dizer isto, faz-me correr.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Interpretações



 
Quando tudo parece desmoronar-se e apenas de pé estarem as nossas pernas para demonstrarem quão solitários e ermos ficamos no cenário, é tempo de pensar árvore.
Ser outro sem o ser, ser outra na mesma casca dura e rugosa que protege resinas aromáticas e peganhentas, seiva de vidas de outros ramos, novas folhas, alimento de frutos a outros, sementes de si mesmo.
Ciclos.
Hei-de voltar a mim por outros que não sabem por que razão sabem das coisas das árvores e todo o mistério dos que se debatem em mim e do eu que se levanta apesar das dores e das lágrimas que já não sei chorar (como desaprendi?) há-de ser percebido como uma força da natureza e até dirão que mulher forte.
... Talvez nem sorría, não me compete nem terá cabimento. É o meu melhor papel depois de golpearem a árvore.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Para acabar



 
"Se o seu irmão pecar, repreenda-o e, se ele se arrepender, perdoe-lhe.
Se pecar contra si sete vezes no dia, e sete vezes a si voltar e disser: 'Estou arrependido', perdoe-lhe". Lucas 17 3:4
 
Já me levaram três quartos. Da carne, dos nervos e musculos e ossos, do sangue, vai a seguir os olhos, o cheirar, as memórias, o riso, o nome.
Hão-de ir os eus.
Assim se findam gentes, se queimam terras, se tiram poemas onde outros afirmam nunca lá ter havido vivalma.
Ninguém saberá quem fomos, quem escreveu estas e outras palavras perdidas entre tantos que conduzem mãos de mim e descoberta quiçá, dirão anónima, anónimo.