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sábado, 31 de janeiro de 2009

Manjares

[Como se fosse raiva, é assim que o faz, violenta e disparada no salto sobre a presa e abocanhando a dentes caninos a garganta oferecida pelo prazer da dor, lambuza-se de sangue e esfrega-se nele afastando outros presumíveis pretendentes ao banquete e do fedor ainda faz medalha e lanço de terra]
É para levar? É. Ele faz um embrulho, sela a fita-cola as extremidades, no papel desejos de um bom apetite escrito em várias linguas e em vários sentidos que obrigam a virar a cabeça para os conseguir ler, entorna a calda, mancha-se o pardo envelope.
[Enquanto crava, dilacera, rasga, puxa, fecha os olhos, enterra em si a refeição prolongada pela lembrança e pelo tempo que há-de correr sem encontrar alimento, pés e mãos queimados pelo cansaço, mas hoje não, hoje é vitória]
Prefería uma caixa pequena, sem o adesivo e sem a baba a colar-se açucarada mas agora já está, não lhe deram escolha, quando romper o embrulho pequenos bocadinhos hão-de vir pegados e perde-se a forma original do que se adquiriu, muito provavelmente estará amachucado de um dos lados, aquele que encostou ao peito para resguardar-se de olhares indiscretos.
[Lambe-se, aproveita restos e torna luzidio na higiene a saliva corrida a favor do pêlo, de seguida o sossego da barriga cheia, as moscas zanzando no cheiro acre, o sono, os sonhos, outra presa que dispara elegante a fuga pela vida]
Preparou um café forte para acompanhar, vai bem o contraste do festim no silêncio da mesa, empunha à esquerda o manjar e à direita a caneta, de toalha as folhas do caderno em parcería com o embrulho rasgado onde já não se consegue ler os desejos de bom apetite, só sangue da iguaría a manchar umas quantas letras, é como se fosse raiva, é assim que o faz, violenta e disparada sobre o verbo.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Senta, vamos conversar

Sabes, se há dias em que as palavras estão bem arrumadas, tenho a noção concreta sobre a escolha do que publico ou se desperto a meio da noite e escrevo porque me incomoda dormir com o texto a servir de almofada, hoje, é daquelas vezes em que tanta coisa há que hesito...
Já te aconteceu?
E o que fazes? Atiras com qualquer coisa cá para fora e reservas as outras estórias para momentos de crise? Ou não fazes nada? Nada de nada?
Sabes do que falo?
Pois é...
Mas eu sei o que quero dizer e até como dizer, mas é tudo tão importante que não me apetece deixar nada para trás!
Foi por isso que te pedi que viesses, que me ouvisses sentado, olhos nos olhos, mesmo que o silêncio venha daí e te sintas comprometido porque te peço opinião, ainda mais tu sabendo como eu dispenso conselhos mas também sabes o que me agrada nestas conversas, o contar, o pormenor de uma e outra coisinha intima, as reacções, a tua observação vagarosa à espera dos meus repiques ou do arregalar de olhos, o debate, depois a tua palma sobre a minha mão a aquietar-me nos voos...
Que achas?
Podía escrever sobre a chuva ou sobre o facto de me atrasar porque persigo cães vadios e esqueço as horas e o autocarro ou então sobre as saudades. É verdade, saudades, há gente de quem gosto e que parece ter-se simplesmente evaporado como se eu não existisse... Achas que se lembram de mim? É verdade, tens razão, ou não sou lá muito de cumprir a etiqueta e devolver telefonemas ou mandar mails ou responder naqueles prazos entre aspas politicamente correctos... Olha, e se escrevesse sobre ela? Na coincidência de lhe dizer o nome e a voz dela aparecer como um sol a encher-me de perguntas, a fazer crescer cá por dentro (sim, no peito, pois então!) braçados e braçados de cerejas comidas até encher a boca e depois traquinas, cuspir os caroços num concurso de distância?! Ou falar de como ela é em palco... Enorme e tremenda, deixa a pele lá, à mistura com arrepios e palavras e sai-se com a sensação de que lhe trouxemos um pedaço...
Também podía voltar a escrever sobre cópias, plágios, essas merdas. Uma infâmia. Sabes que até aquele aviso que tenho no meu blog sobre os direitos de autor me copiaram na íntegra? Isso mesmo, uma pequenez.
Uma falta de tudo, tens razão, mas há uma coisa que ninguém consegue roubar-me: as palavras que tenho em mim e os eus todos que andam à bulha cá por dentro, nem uma bruxa adivinha o que tenho cá dentro, ri, podes rir... Se eu tivesse mais tempo pregava-lhes uma partida!
Queres saber qual? AH! Não vou dizer!
O tempo, o tempo, o tempo, sempre esta correría, maldito adversário, injusto adversário, faz-me ser queixinhas e desfiar verbos sobre um lamento que não tem remédio!
O tempo é mau, não é? Até a ti, pensei eu que só o tempo me amarfanhava... tenho medo que me faça esquecer os sons, os cheiros, exactamente aquilo de que tu falas... falas pouco, na verdade, e eu aproveito todas as migalhinhas de ti, todas, são-me importantes e tu sabes. TU sabes ponto.
Então? Não dizes nada???

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O autocarro

Alça a perna e apoia o pé no degrau, corredor ao fundo, do lado direito o mais junto à água e ao nascer do sol, lugar só de pessoa que se quer só nas manhãs que ainda são noites, nada de conversa, nada de pontos de interrogação, de distracções urbanas pela miséria de outros mal disfarçada nas invejas mastigadas como pão com manteiga, vai mal para baixo e tudo o que quer é subir.
Até o amarelado lhe queimar os olhos permite-se a rigidez da postura pela imponência dos fragmentos que lhe cravam fotografias disparadas na rapidez dos momentos.
Depois, depois já não há depois, há o diluír da figura sentada, a moleza do astro no peito, derrete-se em falas dispersas, acode nas respostas, quem és tu, ah tu, fecha os olhos e ela fecha obediente, sente no cachaço a mão que ampara a coluna do pescoço, afago nos caracóis, a cabeça perdida na tontura das linhas que se arrumam e diz, diz tudo de uma vezada como um poema aprendido à força de lágrimas por tanto gostar e achar que é seu o que o poeta fez, isso faz-se, e os solavancos da travagem freiam-lhe os cavalos dos indios que são os que sempre pensa em imagens e letras e bolhas como esta aproveita para as soprar na direcção dos dedos que a alcançam e lhe tocam na boca, abre a boca e ela abre, tiram-lhe letras encravadas na goela e dão-lhe água a beber, em fio, chove quando sai do autocarro.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Crónicas de um Bazófias - 1ª

Quando lá chegámos éramos três. Quando saímos de lá contavam-se quatro. Mas eu entretanto aprendera a ler e a escrever e as invenções que confessava às bonecas para elas dormirem começaram a ter corpo e tudo se dimensionou de outra forma.

O primeiro ninho foi montado em Eiras, Estrada de Eiras.

Um ermo: Não havía luz para além da da vivenda, não havía estrada mas havía garagem, só havía uma outra criança numa outra casa, afastada, para além de mim, mas havía campo, uma mata, um bosque pleno de árvores com quem falava.

Havíam botas ortopédicas de palmilhas que perdi sem conta, coelhos de todos os tamanhos, ratos, pombos, a cultura ornitológica do Pai, até raposas que fugíam de mim quando lhes gritava o nome.

Para mim foi ali que vim ao mundo porque é dali que me lembro pela primeira vez de mim.

É dali que me recordo dos cheiros da resina, da caruma e do tojo, do sabão, do perfume da Mãe, do contraste da terra para os cheiros da cidade quando descíamos até Coimbra.

Quando saímos de lá chorámos. Muito. Eu e os que de mim se revelaram.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Mais uma dose





Forte, intenso, perfumado-picante, para quem aguenta o embate. Ouro-escuro.


Muito obrigado pela convocação.


Um beijo

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

À quinta há conto

Eu sei que não é quinta-feira. Mas há-de ser. Todas as semanas, há-de ser o dia que mais abomino, aquele que mais me pesa no lombo e nos sonhos. O da supersticiosa.
Inevitavelmente terei de o cumprir.
Mas não na obrigação da cruz às costas e por tal decidi enfrentá-lo à minha maneira, ou seja, no meu mundo criado.
À quinta há conto.
Com inicio e termo. Sem ligação para qualquer outra história. Algumas delas paridas do Flor da Palavra que deram origem à presente Árvore, outras já por aqui passaram, umas quantas estão no caldeirão, de publicado também as há.
Para quem achar que a quinta é um corno.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Blog de Ouro

A Menina das Nuvens e a Azul Mateso atribuíram à Árvore este tom dourado.

Um enorme privilégio. Uma enorme responsabilidade. Uma enorme tarefa atribuí-lo a outras mulheres do virtual que tal como quem me presenteou, considero nobres como o ouro-metal.


Nunca considerei estes gestos como apenas mais um prémio, uma troca por trocas, todos em cada um são o significado de quem os entregou à Árvore, a mão, o abraço, o sorriso, e por isso se tornou dificil nomear dentro das regras que trazem colados. Há já algum tempo que o deixei de fazer e que me entendam nesta posição. São entregues a quem sentir que eu os pudesse entregar no mesmo acto sentido com que me foram atribuídos.


Por isso, mais uma vez e desta feita confinando o universo ao género feminino, aceitem-no.







Aqui, as regras:



1- Este prémio destina-se exclusivamente a mulheres.
2- Copiar o selo e colar no blog.
3- Fazer referência ao nome e endereço do blog que o atribuiu.
4- Presentear seis mulheres cujo blog sejam uma inspiração.
5- Deixar um comentário nesse blog para que saibam que ganharam o selo de Blog de Ouro.

À Menina das Nuvens e à Mateso Azul um profundo agradecimento. Por todas as cores e palavras com que me premeiam ao permitir que eu faça parte dos seus cadinhos.





Um beijo

domingo, 18 de janeiro de 2009

Contos Curtos Quase Escuros - Lilia

Dantes enervava-me muito, era tudo muito difícil, sempre a correr de um lado para o outro, a chamarem-me Lilia, Lilia, olha a senhora, Lilia os castanhos são para o cavalheiro que está ao fundo, aquela menina, Lilia, aquela menina, Oh Lilia estás a dormir? E eu parecía uma barata a quem davam corda e ía de um lado para o outro em corridinhas, pulinhos por cima dos sapatos cambados e meio escondidos dos clientes que entravam e pedíam tudo para experimentar, alguns deformados de joanetes e ajoelhava-me e tentava não respirar na altura que me estendíam os pés suados e quentes mas aquele cheiro subía em rolos até ao meu nariz e dava-me vómitos.
Havía sempre cabelos no chão e folhas secas que trazíam agarradas à sola e uma e outra vez até dejectos vinham colados, assim como pastilhas elásticas e depois de pedirem o número e os modelos que queríam experimentar esperavam que eu me afastasse para esfregar com força e disfarçadamente na alcatifa, mas eu via tudo, eu vía tudo por entre as cortinas que separam a loja do armazém, o lá dentro, o lá dentro é onde vou ver se há número, se há a cor que pedem, se há com salto mais alto, sem salto, é também onde aperto as mãos com força e falo comigo, Lilia aguenta, Lilia um dia tu vingas-te, Lilia um dia será a ti que te calçam os sapatos ajoelhados na tua frente.
Reapareço: as caixas empilhadas contra o peito tapam-me a cara.
Dantes enervava-me muito. Agora já não. Só tenho clientes satisfeitos e amistosos. E quando não o são deixam de ser clientes.
Faço-lhes engolir a calçadeira quando se vergam para apalpar os calos dentro da forma do sapato.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Hoje como antigamente

Amparou o rosto entre mãos, o olhar em frente, nada para ver, o minimo é o tudo e tudo lhe leva a atenção. Balança os pés que não tocam no chão. Um meio-tempo em que pára no espaço, não há cérebro, não há mundo, não há ela. Ao estalar de dedos volta à vida, aos sons, às cores, formas, à consciência do seu corpo e mais exactamente das veias que azulam a mão e se prolongam pelo lápis afiado rombo a canivete.
Há branco e linhas muito fininhas anil.
E depois há palavras, há frases que lhe sussurram no cabelo, nas orelhas, pescoço, aquecem-lhe as costas, escaldam-lhe a lingua que escondida dentro da boca vai repetindo as palavras, as frases e tudo o mais que a queima.
Sai incontrolável.
Enche.
Esvazia-se.
Foi tudo muito rápido. Desenha flores de cinco pétalas, um sol de raios compridos, uma erva aos bicos. Num canto uma metade de um rosto. Sem mãos a amparar mas a olharem-na de frente.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Distinção Janeiro 2009




Há blogs que pela sua qualidade me merecem destaque.

Seja pelas palavras ou pela imagem, pela constância do nível e empenho do seu autor, pela inovação dos temas, pela simplicidade com que me fazem viajar. Pelo tanto que me dão.

Assim, resolvi publicamente nomeá-los, sendo certo que a regra única é o meu gosto pessoal pelo blog.

Não é um prémio nem um meme.

Não é uma corrente e logo não é transmissível a mais ninguém pelo que só a Árvore das Palavras tem o direito sobre o registo de os indicar e o indicado não o pode oferecer.Todos os meses, aos primeiros dias, revelarei a minha escolha. Publicarei aqui o selo Distinção Árvore das Palavras com a identificação do meu seleccionado de cada mês e gostaría que o blog distinguido também o exibisse. Mas isso já fica por decisão do visado.




Em Janeiro um blog que embriaga: Foi em Novembro que partiste




Pela mão de Abssinto viaja-se ao som do fado vadio, da elegância, de uma certa decadência na nostalgia de silhuetas que se recordam pelas palavras certeiras nos instantes fragmentados da poética arte de seduzir.




Uma obrigação de bom gosto no virtual. Eu não perco.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Presente

A Caminhos da Vida, lá do outro lado do oceano abriu uma estrada até à Árvore e condecorou-a com este selo









Muito obrigado por tal carinho a certificar-nos!


Este presente é muito mais de todas as folhas que vêm enfeitar esta Árvore das Palavras e tornam a copa frondosa. É para essas folhas que vai este presente especial.


À Caminhos um beijo.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Desafio Musical

A Formiga mais rabina do virtual lançou este desafio à Árvore (atrasado porque já veio do ano que findou...)


Regras

I. Colocar uma foto individual nossa
II. Seleccionar uma banda/artista
III. Responder às questões somente com títulos de canções da banda/artista escolhido
IV. Escolher 4 pessoas que respondam ao desafio, sem esquecer de avisá-los.



Cá vai disto:

I


(Portugal dos Pequenitos, Coimbra)



II

Selecção musical: Queen


III

Respondendo...

-És homem ou mulher? The Great Pretender

-Descreve-te: (I'M Going) Slightly Mad

-O que as pessoas acham de ti? Killer Queen

-Como descreves o teu último relacionamento: These Are The Days of Our Lives

-Descreve o estado actual da tua relação com o teu namorado ou pretendente: Love Of My Life

-Onde querias estar agora? It'S a kind Of Magic
.
-O que pensas a respeito do amor? Too Much Love Will Kill You
.
-Como é a tua vida? Under Pressure
.
-O que pedirias se pudesses ter um só desejo? Don'T Stop Me Now
.
-Uma frase sábia: Show Must Go On



IV


Escolher 4 pessoas

Não vou apontar o dedo a ninguém. São todos escolhidos os que lhes apetecerem "brincar" com os retratos da música. Divirtam-se!


Formiga, muito obrigado por mais este pedaço desafi(n)ado, beijo GRANDE para ti.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

As (minhas) fotografias

Passam-me pelos dedos na rapidez do deslizar fotogramas a negro e branco que desviam gerações até ao século XXI, sorriso, olhos fechados, olhos abertos, poses, figurinos, cenários de bóias e barcos desenhados num plano único acomodam familias completas numa viagem de minutos pelo tempo que o artista demora a disparar, compõem-se bigodes e barbas aparadas, fardas também, saias armadas e mini-saias, centímetros de pele arrojada na dos beijos capturados às escondidas, infantes de laços que podem ser rapazes ou raparigas, art deco, colunas e pianhas, troféus, clarinete e microfone, palco, palcos, vai tingindo os meus dedos, hippies, love, flores e psicadélicos, medalhões, correntes, heavy metal, saltos altos, maquilhagem, grupos, duos, solitaire, contra-luz, bichos, risos, afectos nos meus dedos o poder do tempo como ampulhetas desfeitas em centenários baralhados pela minha vontade, aos velhos faço-os novos e de mim público de vidas que trago às costas.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Juntos

Nas tardes pardas em que se espreita se a chuva vem lá é que os temores se apaziguam na boca calada das palavras que nem a tinta querem olhar pela vergonha do pouco, do suficiente, do muito adjectivado para fugir à prosa boa que consola de miolo. Arrolam-se uma mulher, um homem, cada um no seu canto expelindo gritos inaudíveis pela sensibilidade que tocam na ponta de dedos invisiveis. Por vezes sorriem, imaginam-se a sorrir um para o outro, mas sempre na mutez que o pudor do verbo dito a sério é lâmina, desliza no corte da língua o que não se pode voltar atrás. Sorriem, sabem-se a sorrir perante os riscos, arabescos, garatujas, manchas de cor como lágrimas e sangue que tingem alastrado o papel borrão. Coração. Ensopa. Aquece.
Um deste dias juntaram a imagem e o verbo.
Ela sorriu de olhos cerrados. Ele sorriu e humedeceram-lhe os olhos.


Afinal sempre choveu.
É água de baptismo.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Aviso

Posso entrar?
Ninguém me perguntou nada, uma licencinha sequer, armou-se de bom e fez-se dono do pecado ínfimo entre o ser e o já soía metendo o pé entalado à porta para se apoderar do espaço que embora sem bandeira é de todos e na velhacaria do sorriso foi entrando, foi entrando... claro que eu apercebi-me do truque mas a malícia do gesto semelhante ao do mágico acaba por ter o seu encanto e enquanto o fio de cuspo pende na boca aberta para tentar seguir todos os movimentos, já ele cá estava.
Agora aguenta.
Se da primeira ninguém me ouviu, muito menos desta feita estarão interessados em escutar a minha birra em recusar tamanho convidado. Incómodo. Alastrado. Dirão os acomodados que se não se pode lutar contra juntemo-nos. Mas eu que sou do contra e não gosto de rebanhos talvez lhe prepare uma surpresa...
Não pense que é chegar e vai de dar ordens a torto e a direito que eu tenho o nariz empinado e da mostarda quando me azeito até o pico me atiça. Portanto, agarrem-se, que o tempo só é dele porque é meu primeiro e se a elegância está em olhar o inimigo de frente, então meu Caro... Talvez eu faça exemplo daquela menina que a partir de agora não há mais segundas-feiras e Novo Ano - ou és bom para mim ou eu corro contigo lá para o ano.