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domingo, 15 de novembro de 2009

Dói-me a vida.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Desligo a luz

Fumo a última noite no gosto acre esperançoso de que este sabor me lembre outros hálitos, outras dores, qualquer coisa que me copie a atenção para uma janela que não seja fechada, o vidro transparente a enganar o cerrado, o estilhaço no focinho sedento de um sangue menos vermelho, menos quente, menos eu.


Quero ter sono e dormir. Quero ter sono e sonhar. Quero ser banal e sonhar com flores, com amores, com risos e algodão, doce, doce, doce... Na verdade não tenho sonos, nem sonhos, nem vontade de fechar os olhos e parar as mãos, nem quero ser banal nem quero sonhar, só quero gritar e rasgar a dor que já me rasgou.


Amarelecem-me as memórias em notas de música que amachuco negras no cinzeiro cheio.


É tarde, é cedo, é o último desejo do condenado.


Desligo a luz, boa noite aos que vieram.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dois anos e um dia

Não fugi, não esqueci, tão pouco desisti. Tenho-me amontoado nas folhas caídas, a tendência dramática do Outono a exigir o seu pedaço de terra, ou direi palco, ou direi páginas em branco a clamarem o fecundo da tinta a penetrar-lhes o que sempre soube, o que me é nascido, o que é prazeiroso (outra vez) sentir quando pelas madrugadas agora frias as mãos se aquecem no deslizar do pensamento, ou direi sentir, ou direi recordar, ou direi inventar outras sonoridades para o que leio escrito em anos que passaram sem contar que um dia essas mesmas folhas me haveríam de aquecer renovada, quase infantilmente encantada por as ter sido autora um dia.
A árvore está de pé.