Há muito tempo escrevi sobre ti, alimentei-me sobre coisas nossas e sobre coisas sonhadas que nunca foram nossas e escrevi sobre ti.
Continha-me para não verter de verbos e adjectivos que a vontade de dizer muito corría mais à frente e descompassava-se do ritmo da mão em explosões de cor.
Resolvi então falar de noites quentes, do esfregar das asas ociosas de cigarras, de luas inchadas e até das de meios quartos e outras que inventámos só para aproximar o tempo e o espaço que nos dava a barreira do infinito, tudo possível, tudo fácil quando a fábrica dos sonhos se põe a funcionar e bombeia nas veias o que se quer, nós queríamos, era o bastante.
Deve ter sido o frio, a chuva e os dias curtos que te levaram, para onde não sei, cheguei a gritar o teu nome, a adivinhar o teu regresso em qualquer nota de música daquelas que me davas nos sons que respirávamos mas no final, quando apurava os sentidos, eram apenas ecos do que tinham sido as estórias que eu escrevía.
Só foste quando foste escrito por mim.
As cigarras, as luas e as noites aquecidas vão voltar mas tu não, só a memória de coisas que nunca foram mesmo nossas e por que o verbo precisa de ser verdadeiro não escrevo mais sobre ti.
23 comentários:
É triste ver que não restou nem um dedo.
Até...
Nem um gesto...
"só foste quando foste escrito por mim"...que bom quando as palavars conseguem ser tão poderosas.
bom fim de semana
beijos
escrever um passado que não existiu
gostei
QUANTAS VEZES O "SER AMADO" SÓ EXISTE MESMO NA NOSSA IMAGINAÇÃO... É CRIADO DO BARRO DAS IMAGENS QUE DELE MOLDAMOS, DA MATÉRIA ESCRITA DAS PALAVRAS QUE LHE DEDICAMOS!!!
TALVEZ VOLTES A ESCREVER SOBRE OUTROS (HOMENS), MAS NA VERDADE SERÁ SEMPRE O MESMO QUE SÓ DENTRO DE TI EXISTE...
BEIJO DE VERDADE ESCRITO
Tens um desafio na minha casa.
beijo
O verbo pinta a imaginação sentida.
Lindo
Beijo.
Ser em verbo e papiro.
Beijinhos.
*
não, não importa,
pode tudo mudar,
as realidades,
serem volúveis,
os sonhos certezas,
a formiga cantar ao vento,
as cigarras em labuta sem fim,
tu não partiste,
estás aqui . . . em mim,
,
conchinhas escritas
,
*
e quando a fábrica dos sonhos se põe a funcionar e bombeia nas veias o que NÃO se quer?
não é um texto, é uma pequena jóia...
este comentário não é para publicares.
é tão bonito o que aqui escreves que a pequena falha de uma letra nem é importante, mas se quiseres emenda: "que tinham sido as estóras que eu escrevía."
um beijo
Talvez não volte mas eu volto até porque foi demasiado tempo sem ti.
Fazes-me falta, querida Gas
Beijo
e quando não se escreve mais sobre alguém é sinónimo que o começamos a "matar" lentamente das nossas lembranças
beijos
DOENTE? O QUE SE PASSA? eSPERO NOTÍCIAS. eNTRETANTO UM BEIJINHO PARA SEJA LÁ O QUE FOR.
É PARA APAGAR, CLARO ESTÁ , A MENSAGEM QUERO DIZER NÃO O BEIJINHO. uFFF!
a LÍNGUA MÃE É MESMO TRAMADINHA, AI É, É.
bJS.
perdi-te de mim, deitei-te fora
agora abraço-me, mesmo com as noites aquecidas
e vejo que se podem ter memórias que nunca aconteceram
Escrever o que de belo a memória abriga...
Beijinhos.
¡Saludos Gas! Escribir es un acto valiente… ¡Yo no soy nada valiente! Por eso escribo al viento; al inimaginable ocaso de todas las cosas… ¡Saludos!
concordo plenamente "...o verbo precisa de ser verdadeiro..."
pois seja feita a tua vontade não escrevas mais sobre o que quer que não tenha sido algum dia verdadeiro!
Um beijo enorme!
Espero que tenhas muito mais sobre o que escrever, para que não pares!
por vezes escrevemos sobre ou para ou por quem afinal nunca deveríamos ter escrito...
beijo
sony :-)
Querida Gasolina
Mas espero que continues a escrever para nós (também).
Um beijo grande
marisa
Amiga gasolina,
Nao sei o que passa, mas ultimamente os meus comentários nao se publicam no teu blog. É só para dizer-te que continuo a visitar-te e que lamento, uma vez mais o que te passou. Mas pensa que se te plagiam é porque és a melhor.
Beijinhos e coragem
E eu escrevo-te. Agora. Para saber de ti.
beijo
Estou preocupada, o que se passa?
Diz algo.!
Bj.
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