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A simplicidade da escrita é também o eco do aparo na folha, o arranhar das solidões não a solidão do que escreve mas o que volta atrás e duvida e se reflecte e se encontra na descoberta e de novo tantas vezes na redutora incapacidade de não saber ou saber se já terá acontecido, é também a satisfação egoísta de um pedaço ou a partilha de páginas no desprendimento do que foi seu.
Eram tudo prazeres.
Dores.
Uma semelhança de outra vida, protegida entre capas duras e arrumada depois da caneta enroscada na sua tampa. Não interessa se de vidas inventadas ou recontadas de ouvidas, ou até confissões disfarçadas de vozes de outros, mal o tempo da tinta manchar o papel a outros pertence, do céu da boca as palavras conhecem mais infernos que a Bíblia possa dizer na dicotomia do bem e mal, afinal quem escreve está só e morre e nasce muitas vezes, essa é a mais simples das verdades.
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(in O céu da boca (Palavras Reencontradas), Outubro 2014)
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