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sexta-feira, 15 de abril de 2016

Nada é para sempre



 
Dos nós do tronco rugoso, áspero e imperfeito podem-se notar as camadas do tempo, ainda assim há a frescura do saber que houve dias de Abril em que as folhas a despontarem-se chamavam outras, vigorosamente, uma força que se agarrava à madeira como que a negar Invernos irremediáveis, tardios ou no seu lugar, sempre haveriam de molhar e apertar no arrepio do frio até finalmente caírem.
Nada é para sempre.
Nem mesmo o lembrar. Até este tem o tom dourado das folhas encarquilhadas e estaladiças, tombadas e levadas ao sabor de ventanias, depois arrumadas a um monte de canto, nada é para sempre, o Abril perfeito desta árvore doutros tempos não será o mesmo de agora, tão rachada de vincos e carreiros de formigas, hospedeiro de um e outro cogumelo preguiçoso que veio passar uma temporada e depois se vai, o silêncio da solidão aparente ou a ruidosa multidão nas raízes encontra-lhe o antes e após, as promessas de costas encostadas e a invisibilidade de uma estaca de pau.

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