Queimo os últimos cigarros aqui neste cinzento de penas obrigado, que é como quem diz os últimos cartuchos, a última visão do alto que tanta vez me mirou do Rio, do meu lado esquecida, da raiva a fugir em degraus galgados no tropeço de pés e mão a ajeitar o tombo mais rápido que o elevador civilizado, das lágrimas ainda nesse tempo sabiamente choradas pela dor, doutras lágrimas pedidas sem fio se sentirem a molhar para amostra, de divertidas contagens de minutos no gargarejo da gaivota e de outras metidas à conversa e ainda de nada, simplesmente ao vento, ao passar das estações até lhes perder o sentido e me acimentar no chão como se a carne lhe pertencesse.
De hoje não volto.
Não direi até amanhã, se a gaivota quiser que venha visitar-me ao novo sitio, daqui as falas enterram-se como os joelhos batidos no muro em cegas caminhadas para sabidos como final de trajecto, de hoje para trás esqueço-me de presenças a este lugar e até das ausências voadas para me esquecer que estava cá e que nesses instantes as linhas de palavras imaginadas a que me agarrei penduraram-me para fora, libertaram-me.
Lanço os olhos ao azul violento do dia e apago o cigarro.
Não sinto nada, nem palavras para me fazerem escadas de descer, nem memórias de ficar.
A gaivota pousa no tejadilho do carro arranhando a pintura metalizada e pela primeira vez nada nos falamos. Pia como ave que é e eu parto como tem de ser.
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