Sento-me na cama, protejo-me na roupa desalinhada como muralhas defensivas que me possam tornar cousa invisível, intocável, desaparecida. ausente deste medo que me caiu num repente pela cabeça e me molha transpirada num fio que me aperta o pescoço aflita, um medo que não é meu e lembrado das infâncias sufoca desesperado à luz pálida do candeeiro pequeno.
Olho e não vejo, olho e vejo o pesadelo vermelho que ainda me segura a carne dos braços vincando dedos gretados a pedir ajuda, só quero escapar, trepam à minha cama corpos escapados dos horrores do sonho e desses corpos gritando-lhes sem som ajuda de não me tocarem pelo nojo eu suja dos sangues deles, dos bocados agarrados deles nas minhas mãos que empurrados os trazem comigo.
Sento-me na cama, o medo deitado ao meu lado. A luz pálida do candeeiro fala aos poucos dos contornos de tudo o que escolhi mas desconfio do que não vejo e do que me pode espreitar.
Sem sossego pelo ciciado que me sopra junto à nuca o medo deita-me e aconchega-me a roupa.
Tenho frio, um gelo de escuro de luz apagada, deixei o meu sangue aos corpos do meu pesadelo.
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