Estendeu-lhe os braços adiante caminhando e assim se manteve até a distância se acabar e os olhos próximos tocaram-se na cor como a ponta dos dedos sabiam o lugar para as mãos e se apertaram até aos pulsos para se puxarem com força atraída de íman.
Abraço.
Aconchego parado.
Os braços a puxarem a si o corpo que não é seu querendo fazer sua a batida do coração, as palmas abertas nas costas a acariciarem devagar como leques em Primavera e o rosto de lado repousando no ombro conhecido que não é seu em encaixes de saudade, uma sede bebida a goles lentos e fartos que encharcam até marejarem os olhos de semelhança.
Estendeu-lhe as mãos e assim se mantiveram no silêncio do sorriso.
Depois a seriedade sucedeu. Não houve beijos ou outros planos cinematográficos que virassem a cabeça de quem passava ou palavras de aspereza para comentário alheio, tão pouco gargalhadas sonoras que a outros despertasse o riso contagiante.
Seguiram a par, a esquerda ligada à mão direita, sabendo que estavam um para o outro.
Pousou o lápis, a mão dorida do esboço, fechou o caderno, estava feliz com a manhã de trabalho.
Amanhã haveria de colorir a aguarela.
(in Telas, 2009)
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