Parece que está tudo mas nem todos estão. Ou estarão a mais os que não vão, que embora não estando seguem presentes. Não é adivinha nem é pregão, também não é maldição mas será história do corno que é como quem diz, é sempre o último a saber. A seguir. A saír. O que seja.
Seja do solavanco ou do motor, seja do aperto de tanta gente ou do desconsolo do assento, ele há mãos que se amparam, esperam, apertam, escondem e até acham que nunca serão avistadas.
Porém, o olho egoísta de não ser o catrapiscado, zarolho de sortes no coração acha-se púdico no palpitar e enregelado pela visão traiçoeira dos amados viajantes faz-se boca no mundo e de pequena ao ouvido do que segue ao seu lado, segreda a vil descoberta com a recomendação de estado:
- Não é para contar a ninguém!
Claro que os roncos do motor mais a surdez do ouvinte e ainda o espanto da revelação, elevam-se a um desdobrar de palavras que os passageiros próximo escutaram tão bem - ou tão mal - que no fim da viagem, as facções estão escolhidas.
Ele há quem apoie o amor, incondicionalmente, e mesmo sem conhecer as figuras, lastima o destino de tal par. Outros ofendem-se pela pouca selecção dos que embarcam, a meias com gente de bem e o outro a ser enganado. E ainda os que só apreciam a falta de nada dizer para além do comentário à vida alheia.
Siga.
(in As fantásticas aventuras do C782, Janeiro 2015)
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