Momento de pausa em que nada vem, em que tudo chega no propósito fora do contexto do momento, chapadas de pensamento, caneta enroscada na tampa.
Pergunto-me se de tanto escrever as letras acabarão um dia coladas nas paredes, saturadas do tempo do papel horizontal, libertas finalmente as gentes que me fazem manto e em figura que se possa ver, acomodadas no meu sitio de eleição como seu, casa minha como posse sua a segurar a porta e a abanar a cabeça levemente dizendo que nunca me conheceram a quem por mim vier saber.
Serão de tamanho e espaço que possam agarrar as minhas coisas, amachucar as minhas folhas escritas em interrogação, guardando na gaveta ao pé da caneta de aparo como objectos largados por um inquilino esquecido e bizarro que deixou para trás pertences que se divertem a datar como estória fantasmagórica que podem entreter nos serões para amigos.
Pergunto-me do cansaço das vigílias, dos reflexos deles nos meus espelhos, de algum fio de cabelo meu perdido sobre os seus ombros, das vontades de não saberem a quem retornar, a inquietação no seu escrever sem adivinharem como falam do que não sabem.
Chapadas de pensamento, quem me libertou.
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