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sábado, 12 de dezembro de 2015

Cadernos (novos, velhos e revisitados)



 
De novo, tudo outra vez em golfadas, como se a recorrência dos sentidos fizessem salivar palavras atrás de palavras, incontidamente, um desassossego tudo outra vez, todos eles outra vez e sem pedir a sua vez a desmaiar cenários em segundo plano e a diluírem importâncias no acto de se acharem mais que tudo, mais que eu, eu que sem eles acabo por não me conhecer e eles sem mim a não existirem, partilhamos oxigénios egoístas e a chantagem de contar quem precisa mais um dos outros é mero detalhe para inicio de conversa, que no final o que sobra desta inquietação são páginas, muitas delas a guardarem segredos que preferia não saber, muitas delas arrecadadas para esquecimento futuro e negação de ter estado como testemunha presente a lavrar o que todos sabemos, coisa quase pública, para quê tanto recato se me impelem a ler o que não quero ouvir, a escrever o que não quero saber, a sofrer por dores que já sendo deles as tornam maior em mim, sentidos, tudo em golfadas impresso em cadernos que se amontoam numa letra que quando parece estar a definhar-se logo se aviva, tudo de novo.
Outros novos.
E as mãos cansadas alisam as folhas, fecho os olhos, ainda danço.

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