Era como se esboroasse uma fruta conhecida do palato mas na novidade da entrega à boca por dedos alheios, a sede se acalmasse no sumarento, o consolo no doce.
Bocados de texto. Era assim que os dizia, não na continuidade como haviam sido construídos como uma teia que se vai montando para a firmeza da sustentação, mas a beleza do inevitável derrube parecia exactamente residir nessas reticências da voz, falava-os e depois calava e depois seguia para outros mais adiante ou anteriores, uma ansiedade nas palavras vestidas de novos sentidos colando pontos finais onde não existiam antes.
Ou então era apenas a voz. A sonoridade da tinta permanente azul-china a mostrar a sua fragilidade, pequenas rachas e lascas que se abriam em sulcos mais fundos quando o tom se tornava mais cavo a dizer substantivos que ganhavam qualidade na forma como eram ditos, quase soletrados alguns no intuito de magoar o ouvido.
Eu ouvia. E comía as minhas palavras escritas lidas por ele, novas como se não tivessem de mim sido, uma fruta conhecida mas amadurecida em outras latitudes.
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