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terça-feira, 3 de novembro de 2015

Terça de chuva



Fugiram todos, basta um pingo de água e desaparecem, só se sabe deles no piscar dos faróis e farolins, luzes amareladas e vermelhas faísquentas, linhas cromadas infindáveis e ruidosas repletas de uma fúria apressada para engolir o que o precede e depois o outro e assim sucessivamente, fogem todos, querem correr mas não têm como porque vão todos ao mesmo, a cidade transformou-se numa buzina gigante ensurdecedora que nem sequer deixar escutar a chuva a bater na calçada, caminho sem som, o que penso deixa de ser meu pela violação dos sentidos, posso não ser eu sem o saber e terem-me levado confinada para o resguardo do que molha, afinal o chapéu de chuva apertado nos gomos de pano a nada servirá se viajar como cajado, peso-morto, mão-morta, ando mais rápido que qualquer motor e recuperada no que é meu pelo trovão que estala exibo a copa do chapéu a proteger os olhos da inveja do que lhes vejo, cidade lavada, fujo, basta um pingo de água e o medo da alma vir-lhes ao de cima.

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