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sábado, 10 de outubro de 2015

Instantâneo - Episódio onze



 
O primeiro gole deu-me a certeza de ter acertado com a temperatura da água, nem demasiado quente nem desconsoladamente morno, até o cheiro que fumegantemente me aperta as asas do nariz e depois rápido as larga, engana os sentidos de tal forma que abro muito os olhos para ter a certeza que se trata de café instantâneo, a coisa promete, vá lá que o sentido se aprume neste fingir e eu ache que hoje sei escrever e faço-o, porque afinal até sei o que quero dizer, assim não me falhem as palavras ou a língua às voltas debaixo desta à busca da melhor ou a sacudir a caneta que velhaca nesse preciso momento resolveu encolher-se e a tinta chupou-se de acabada, é sempre assim, distracções para acabarem com a função ou com o tempo ideal de se tomar uma caneca de café enquanto há o oásis de que é realmente uma bebida à séria que se chama café, predileções, só faltava aparecer por aqui algum dos outros a fazerem-me companhia e agarrarem-me na mão que segura a caneta de aparo seco, desatarem a dizer por uso de palavras minhas o que dizem ser seu, ironias, o café da comunidade, mal lhe tomei o gosto vai a deliciar goelas que me deixam a salivar.  Não escrevo, não bebo mas sou senhora do meu bocado de folha.

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