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terça-feira, 29 de setembro de 2015

Travessias do Rio - 2



Seguram-se todos ao mesmo mas alguns mergulham de olhos fechados para esquecer o perigo e levam a travessia na ignorância do já passou, preferível não saber, antes sem avistar do que saber e tentar escapar. Mas os que se agarram, vão mudos na mão presa ao pedaço de metal e plástico do telemóvel, um cinto de segurança indispensável para se fazerem aos minutos de água que lambem estas duas metades de terra que um dia estiveram coladas. Proximidades de que ninguém tem memória mas cá andamos a pagar as favas.
Há pouquíssimos na minha loucura, olhos postos janelas fora a debitar manhã nascida ou o paquete agigantado que ondula o liquido e agonia estômagos vazios, morro pelos demais, escoo-me de tanta tristeza até doer no peito uma solidão que seca o Rio a fundo.
 
 
in Travessias do Rio, Setembro 2015

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