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domingo, 20 de setembro de 2015

Tão idêntico, tão diferente


 
Entrou com ar fechado e nada lhe perguntei, nestes momentos e embora não o conheça profundamente sinto que o melhor é esperar. Que venha dele o primeiro som, a vontade. Até lá, estou aqui, ele sabe, sabemo-nos ao mesmo nível, estas coisas de conhecer o outro é como um terreno minado, está tudo bem até pormos o pé no ponto X e lá se vai o corpo, a alma, restam pedaços que depois não contam nada.
Estou certa que fala mais para dentro do que o que tem coragem para verbalizar, tenho que acertar o momento exacto para o olhar nos olhos, não é falar e motivá-lo é apenas encarar as suas palavras mudas e estalar o silêncio contra as paredes, batem e devolvem-lhe o som que precisa ouvir, ouvir-se em si, dizer na minha presença para que haja uma realidade.
É agora.
Está assustado. As palavras fabricadas na boca, digo envolvidas com cuspo, batidas contra os dentes assustam mesmo, eu sei, o coração acelera e a respiração ao invés de ajudar a viver parece que atrapalha ainda mais.
Olha-me, é agora, de vez em quando sou eu, agarro os meus papéis, não quero que sinta que é tão importante que não tem fuga, seguro a minha caneta no ar, vamo-nos conhecendo à medida do que permitimos mas somos duas pessoas idênticas e acho que tal nunca havia acontecido por isso tão diferente, tão estranho, tão desconfiadamente sermos nós mesmos verdadeiros revelados.

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