Tenho vindo a gastar muito tempo com muitas palavras que não me arrepiam, palavras que falam de relatórios e se executam como remate em conclusões analíticas, outras sumarizadas a propósito de muitas palavras gastas em tempo de satélite.
Talvez tenha deixado de saber as palavras que falam de amor.
Porque as palavras que o usam para falar e o escrever consomem mais e doem e alegram, coisa que as outras que lhe chamam de valor, as tomo por insipidas. Não me trazem mais calor ou mais frio, são o que são para rotular trabalhos que foram feitos por pessoas que parecem não ter amor. Eu pareço não ter amor.
Tal é o poder do verbo, palavras iguais coladas a sentidos diferentes, pessoas amorosas - que decerto o serão - a mastigarem sílabas para alimentar o instante sem contudo se apegarem, noutra altura as mesmas sílabas e tão hálito doce as faría oferecer.
Demasiado tempo a degladiar palavras e nem sequer em lutas de poema, pobre tempo este em que se esfanica o verbo, interpreta a valia de pessoas pelo que delas se escuta ao longe e se valida em actas pedindo-se a concordância de todos.
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