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quinta-feira, 14 de maio de 2015

Orientações



Sempre me impressionou a capacidade que algumas pessoas detêm para fixarem nomes de ruas, indicarem endereços, nomearem caminhos de memória como se os apontassem a dedo num mapa seguindo a nomenclatura das avenidas, os nºs de porta onde haviam cafés no presente inexistentes ou substituídos por outra área de negócio totalmente oposta.
É que fico fascinada a ouvi-las.
A leveza com que seguem no discurso é igual aos passos dados. Não. É melhor. Porque atenta que sou a este tipo de conversa, já me prendi a um detalhe, e na maioria dos casos, é uma população que apresenta uma certa dificuldade em locomover-se, os membros inferiores parecem avançar ao ralenti e talvez essa condição os faça ter (ou ter tido) - porque na generalidade são séniores - tempo bastante para estudar e fixar o traçado do percurso.
Confesso que o meu interesse desmesurado por este grupo se deve à minha incapacidade para registar este tipo de ocorrências. Não me perco, é verdade, mas dificilmente sou capaz de indicar uma rua entroncando noutra nomeando-as e seguindo a rota destas para um destino pretendido.
Eu ando rápido, muito rápido mesmo, mas creio que não é por isso, sou mesmo incapacitada.
Perguntem-me por detalhes de edifícios, o padrão da calçada, a cor dos olhos do empregado do café da rua que essas pessoas orientadas sabem o nome tão bem.
 
 

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