Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Há quanto tempo!


 
 
Os desesperos das noites acesas no breu a escorrer pelo tempo que se esgota na míngua do descanso ou os olhos abertos no aperto forçado pela tortura do dia que não chega. Pensamentos que se estacionam, parque cheio. Vagabundos da memória que ocupam libertinos e disputam à gargalhada como manobra de diversão, o espaço, o tempo, o podium. Lutam e matam-se à vez, restam uns quantos, depois dois, três, finalmente o solitário vencedor, imperador.
Chega-me fascinante.
Eu que já rendida ao cansaço, tinha friorenta puxado agasalho, ergo tronco e abro olhos, palpita-me descompassado no peito procurando o acerto à música ao longe do bandoneon gemido na diagonal entre mãos apertado, apuro ouvido, agarro melenas e sustenho respiração.
Puxa-me manso e entala entre as minhas a perna vestida de alpaca onde sinto os músculos retesados para o inicio do Tango. Mão à sela das costas e a outra ao enclave do sentir, olhos fechados que o caminho é seduzir.
Há quanto tempo tu não vinhas, há quanto tempo não aparecias nas minhas letras.
Que saudades eu tinha de ti.
 
 

2 comentários:

Teresa Durães disse...

:) viste o filme "Frida"? A parte do tango?

"Mão à sela das costas e a outra ao enclave do sentir, olhos fechados que o caminho é seduzir."

lindo!

Gasolina disse...

Olá Teresa!

Vi o filme sim.

Mas este sr. que me puxou do sono é um tanguero que há muito não aparecia nos meus escritos, um eu dos eus.

E que me trouxe uma onda de felicidade.