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terça-feira, 6 de abril de 2010

Q (é uma letra que se lê)

- Que é que TU estás a fazer???

Nada, não estava a fazer nada mas o que lhe saíu foi um não fui eu, a apreensão a agarrar-lhe os ombros para evitar a fuga e no entanto, com este simples retorquir sentía que o timbre da pergunta surgido como uma mão esticada à régua lhe havería de bater e fazer ricochete, atingindo no remorso mais dolorosamente do que a força com que havía sido disparado. Não fizera nada, não se lembrava de nada que tivesse feito, assim coisa de mal, devía ser mau, só podía ser horrível ou o susto que sentira tería sido em vão, um tremor sem fundamento, um desperdício de sangue pelas faces que se condoíam pelo crime desconhecido. Estava quase certo que nada havía feito e ainda assim lambeu o cómodo com os olhos ávidos de achar provas por si desleixadas, o pânico de não as ver, não se lembrar, não encontrar nada, nada a provar a sua inocência, condenado, condenava-se de ter feito o que não recordava, merecía o castigo, aceitava a sua sorte.

- Ainda bem, assim podes ajudar-me a escrever isto.

1 comentário:

BF disse...

Achas que mereço o castigo por nada fazer???

Bem por hoje vou ficar por aqui. amanhã prometo voltar.

Continuas a escrever intensamente.
Beijo
BF