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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Eu espero



Encontraram-se os dois e fizeram-se um, moldaram-se lenta e progressivamente, pedi para esperarem. Quis crescer e disseram-me que tinha tempo, que desse uma volta, que entretivesse a vista no passeio e que até podía colher umas flores pelo caminho mas que me abrigasse da chuva e das tempestades, que esperasse que elas havíam de desabar. Pedi para amar e o amor disse-me que esperasse. Lá chegou, partiu, regressou outro, esperei outros. Veio outro e deu-me a mão, agora esperamos juntos, que esperas tu de mim? Espero a vida, ela sufoca-me de tão cheia se fez esperar, espero não a desapontar, sigo caminho, esbarro-me noutros que esperam por mim e por outros que eu não espero e até corro desta surpresa. Já não espero tanto, a experiência ensinou-me que não se pode estar à espera de nada, há que procurar, batalhar, escolher. Aprendi a esperar serena, compreender que a espera é um movimento a dois tempos de ida e de aguardar. Um dia vou esperar que a espera se esqueça de mim, se atrase em levar-me, bem podes esperar que eu ainda faço o mesmo passeio e ainda gosto de ser apanhada de surpresa pela chuva e quem sabe até talvez seja eu, não sei quando, eu mesma a pedir, de braçados cheios de flores não me faças esperar mais.

4 comentários:

santiago disse...

difícil...

AC disse...

Incrivel este texto (e a ilustração) incrivel mesmo!

Beijo muito grande

Gasolina disse...

Santiago,

A vida é dificil.
E eu não gosto de esperar.

Beijo

Gasolina disse...

Dias,

Incrível mesmo é o acumulo de esperas que fazemos desde que somos concebidos até que somos enterrados.

É um autêntico desperdicio.

Fiquei rendida a essa imagem. Já a tenho há muito tempo, de outros tempos. Sabía que ela era a única que aqui podería ilustrar as minhas palavras.

Beijo muito grande desta sua,