Achavas tu então que eras único, que chegavas, tomavas, partías e eu desfalecida na futura ausência me entregava ao condicional do que podería ter sido o que nunca foi para além do projecto do hei-de, uma mais valia esta coisa do existir apenas na nebulosa imensidão do que se deseja, assim se das três dimensões nada se provar nenhuma lágrima cai, só as do sonho de se querer que fosse.
Porque o risco, esse acontece depois de termos corrido o fio do muro, aí sim, já se abriu os braços no equilibrio, já se experimentou a adrenalina, mas até para domar a vertigem o truque é simples que basta olhar adiante e nunca para os pés.
Por isso te digo: cheguei perto e vi que tu eras um muro. Não foi da altura que me assustei, foi da frieza de eu sentir nas minhas costas esse encosto sem molde. Não me cabes, não me serves e cuida, olha que um dia destes de tanto te sentirem impenetrável deixas de o ser. Desmoronas.
16 comentários:
Nada, por mais forte que seja pode resistir a um desmoronamento se a força for maior. Mas há os que caem bem e são facilmente reerguidos. E há os que se pensavam invencíveis e caem com o maior estrondo.
Beijo erguido.
vejo este texto e os dois anteriores como uma triologia; gosto e muito.
beijinhos
marisa
M.,
Lembras-me Berlim.
Há homens e mulheres que são como esse muro. Já derrubado.
Um beijo M.
Marisa,
E são. Principio, Meio e Fim.
Os teus olhos despem muito bem as minhas palavras. Como poucos o conseguem fazer.
Deixas-me muito feliz.
Um beijo para ti. Com um sorriso.
Há quem queira ser muro, forte de pedra firme, e não passe de um mero aglomerado de lama seca sobreposta.
Beijinhos
BF
Agrada-me a ideia de "despir palavras com os olhos" e
agradeço o comentário que tocou fundo.
Um beijo para ti, sorrindo também.
marisa
que avisado o teu olhar que previu
fixou o horizonte antes da pirueta
parece um truque simples, sim!
mas nem tudo o que parece é
esperto o teu coração que o sentiu
acabou o tempo, vira a ampulheta
este momento vai chegar a um fim
afasta-te do muro ainda que prometa
não desmoronar tão cedo assim
(E VENHO DESCENDO, POST A POST, COMO QUEM DESCE OS DEGRAUS DE UMA GRUTA ENCANTADA...)
AMANTES DE PEDRA NÃO SÃO NADA CONFORTÁVEIS, FRIOS E DUROS, E ENTÃO SE SE ACHAM ÚNICOS, PIOR, PIOR... ASSIM FIZESTE BEM EM DEIXAR DE FALAR PARA ESSA PAREDE!
NÃO ME DIGAS QUE A MAIORIA DETES TEXTOS É ESCRITA DURANTE OS PERCURSOS FLUVIAIS QUOTIDIANOS...
E POR FALAR EM MUROS, DEIXO-TE UM LINK PARA UM POEMA MEU, EM TEMPOS IDOS DEDICADO A J.M.VAZ, PELO SEU LIVRO DO MESMO NOME...
MUROS
BEIJO ATRAVÉS DA SEBE
Tudo o que foi construido acaba por sucumbir. Ficam as memorias porque não podemos sequer apagá-las, o que será pena (ou não).
Papoila,
Tu nem fazes idéia da dimensão das tuas palavras, a imagem que elas me projectaram!
Deste-me tudo!
Adorei!
Tens tida a razão: lama sobreposta!
Beijos Papoila dos Girassóis.
EStou feliz de te ver na Árvore.
Marisa,
As palavras para mim têm grande valor por isso tento não usá-las em vão ou sem sentido.
Tudo o que te disse é a verdade: poucos me lêem como tu o fizeste e conseguem atingir o objectivo da Gasolina.
Muito Obrigado. Por tudo.
Não agradeças.
Um beijo
Pin,
Esses versos são verdadeiros e quasi premonitórios... é só deixar passar o tempo e o tempo encarrega-se de soprar o muro até se tornar em pedaços sem utilidade.
Obrigado.
ASPÁSIA,
ADOREI O TEU MUROS: QUUANDO MUITO ALTOS, SOLITÁRIOS.
BELISSIMA IMAGEM!
ESTÁS CERTISSIMA ASPÁSIA JARDINEIRA!
NEM SABES O QUANTO!
BEIJOS GRANDES!!!
Abssinto,
Como são sábias as tuas palavras.
E tanta razão e alcance nessas memórias...
Um beijo
Grande descarga, oh mestra. Gosto de te ler assim, pujante, "sangue na guelra".
Demasiado feminino para o que nos tens ensinado, mas muito bom.
Beijo de areia
Dias,
Muito obrigado.
Fico sempre feliz quando os meus textos agradam.
Especialmente a alguém que tem um gosto tão singular.
Beijo de mar
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