Os estrangeiros deslumbram-se com as margens, não cessa o movimento constante de sentar, levantar, abrir janelas e vazar o tronco afora, caminhar pelo sobrado do Cacilheiro, espiolhar aqui e ali, escancarar a porta da cabine de Mestre e pretender fotografar, um falatório incessante à mistura com gargalhadas sonoras e muito apontar de dedos.
Os nativos fascinam-se com este desassossego.
Procuram assento perto, rapam do telemóvel e exibem as mensagens com termos em inglês, mostram os jogos, as fotos, disparam igualmente para as margens tão batidas e ignoradas no dia-a-dia, metem conversa num tom elevado como se os decibéis e os olhos muito abertos ajudassem à compreensão melhorada do seu vocabulário.
No tempo dos descobrimentos convivíamos todos numa miscelânea rotineira de culturas, ninguém mais estrangeiro, todos diferentes e tão semelhantes, margens do mundo a chegar e a partir.
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