Recolho os meus pertences do quarto, rapo os odores à lembrança para mais logo e já entre a euforia do contar, calar-me, hesitar entre a descrição e a revelação puxar à língua o picante adocicado que me há-de restar e que para todo o sempre direi primeiro para mim quarto de Madrid, depois só para alguém especial, quarto de hotel em Madrid sem mais explicações.
Olho ao redor e fecho os olhos a guardar cores, o lápis que usei nas noites para escrever talvez me devesse acompanhar por já ser meu mas decido deixá-lo para escrever outras estórias pela mão de outros que se hão-de deitar nesta mesma cama com saudades da sua.
Hoje levo saudades parvas desta.
Também da alegria de Madrid. De Lenita. De dios e hombres e coños. E saudades de gentes que pressinto que não vou ter por perto embora os tenha. Malditos presságios. E que vão tão bem em língua espanhola neste contraste fulminante entre a alegria ininterrupta e uma quase tendência para o drama da facada para se dominar a cena como una película de Pedro.
Fecho a porta do quarto, Buenos Días cumprimentam.
Arrasto a minha mala vermelha maciamente e entro em casa, como foi?
Estupendo.
Maio/2014
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