Não acordei assim mas o mundo virou-se como um lacrau de pinças abertas e desprevenida ferrou-me, não sei que cousa terei feito eu que hoje todas as feiuras me alcançam e a realidade a abrir-me os olhos sem descanso de virar o rosto para o imaginado desalentou a força de procurar beleza onde a achar, por isso te peço que me ames esta noite e mo digas, repetidamente mo digas muitas vezes como se do acreditar fosse necessário ouvir-te na voz aberta de olhos nos olhos muito próximos até não sabermos se nos olhamos ou nos perdemos ou nos esquecemos quem somos ou o que fazemos sem ser respirar para dentro do peito um do outro a dar tudo o que não se consegue dizer por ser tanto e haverem tantas palavras que afinal não sabem dizer o que vai por dentro da loucura do amor que passa do amor, uma cousa simples que mata e eleva como heróis, um segundo complicado que tapa a boca e que eterniza e que se quer lembrar mas já não se consegue explicar, tudo isso e nada, nada a dizer, um dedo a deslizar pelo cabelo e a voz que ondula na mecha amo-te, repetidamente nada e tudo, irrepetíveis pedaços de nada que se agarram a sítios devorados na memória de histórias imaginadas mais bonitas, mais contadas, mais minhas, nossas, de quem as souber amar, hoje preciso que me digas amo-te porque o mundo nasceu feio.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
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