Creio que se entrasse nesta tina gigante alguém aflito haveria de me retirar em braços, não cuidando pela minha saúde mas o recato do sitio, a compostura que se impõe no distúrbio que eu haveria de causar. Imagino. Até as pobres plantas sedentas nesse dia haveriam de arrebitar.
Navego na remada que os meus horizontes permitem [lá regressa a velha frase, eu não tenho paredes] e deslizo quebrando o ruído da queda de água interrompendo os fios contados tantas vezes que me esqueço agora quantos são, as águas são sempre novas, ninguém a impedir e todos a quererem entrar na minha nau, um gigante por cada um que pede, uma jangada por todos os que desconfio. Não quero ninguém, o sonho é meu e levo comigo quem [não] atravessou o Rio, faço desta concha de água um oceano de desejos, o Gaspar imponente à proa.
Alguém descuidado atirou uma beata à cascata, vejo-a boiar engelhada. Ninguém a punir.
Recolho da minha roupa um pelo que quero que seja dele, mas pode não ser, talvez sejam restos do meu barco que não consigo afundar.
Sem comentários:
Enviar um comentário