As plantas continuam à mercê do que possa piedosamente caír do céu, vale-lhes o cheiro da imitação a que todos chamam cascata - eu também à falta do que ainda não encontrei [fios de água, grelha de água, ruídos de água] - é provável que daqui a uns anos se resistirem até lá, se transformem em palmeira e se dobrem, verdadeiros postais que os turistas que ali vão apreciar o vicio do fumo deleitam no mirranço dos pulmões, elas todas esguias e atiradiças à bússola da água farejada e eles de fato completo e gravata lembrando quando elas eram meros arranjos ornamentais que serviam de aparo a beatas, uma admiração.
Encosto-me ao canto, é provável que daqui a uns anos já não tenha arestas de tanto nele me roçar e as minhas costas se tenham amarrecado no jeitinho de conforto, um molde piedoso que nada tem que ver com o céu mas aqui sou muito mais prisioneira que as próprias plantas definhadas na sequiosa vontade de alcançar esta bacia gigante que não mata sedes a ninguém, nem de boca, nem de nomes que lhe procuro, nem de estórias que tento inventar para enrolar o vicio, nem a incapacidade de fugir como árvore que sou.
Sem comentários:
Enviar um comentário