Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Camas


 
Chegam e deitam-se, dizem algumas palavras enquanto tiram a roupa mas sem desculpa para se justificarem no à-vontade, procuram a pele e por vezes o entrelaçar dos dedos das mãos, o toque roçado dos pés, adormecem tranquilos e sem perturbação na chegada de novos ou no regresso de conhecidos dos outros, os que sazonalmente têm o apetite da volta ou só a pretensão de serem vistos e se acharem de novo no círculo, deitam-se ou não como hóspedes desta cama gigante ou de tamanho a contento de tantos quantos os parceiros chegados, todos eles nús de pele despida, deles coberta estarei eu das suas respirações, tantas vezes ofegante do calor próximo me queimar demasiado outras tantas a proximidade não ser a quanto baste para me lembrar a vida, toda eu nua deles, eu nua em mim acordo para me virar no toque de nada os ver. Toda essa roupa espalhada, despida na ligeireza do pudor das mãos só a acho nas linhas, aqui durmo sozinha.

 

Sem comentários: