Um trago, não me vejo reflectida nesta beberagem de fingir, uma cópia rápida e granulada dos originais apurados que desde a plantação à degustação não tem maneira de se lhes traçar uma linha que compare meios e sabor e logo eu que abomino imitações, ainda engulo a mistela admirada do descontentamento que as páginas em branco açoitam no tempo a passar, ingrato e demorado, uma lágrima de tinta no bico da caneta sem pingar nem enxugar-se económica no desperdício, um trago e nem a imagem de mim na desolação do recorte dos olhos, nariz, o beiço a chuchar a loiça, meia-testa se vê devolvida neste clone instantâneo e bizarramente nomeado de café. Todo o resto é verdadeiro, demasiado real para ignorar o arrefecimento das palavras, trémulas, friorentas nas mãos e nos pés que esfrego à procura de um ressuscitar que me incline sobre as folhas, sobre os passos que estando guardados nunca se esquecem, um trago que me imprima para o papel. Mas tudo o que faço são rascunhos, atamancados de uma idéia, coisas que chegam e se bebem sem tomar sabor, imitações do escrever numa hora perdida.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
-
Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
Sem comentários:
Enviar um comentário