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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Passeio no terraço



Passos longos e mentirosos [digo que vou a Sintra], o cimento do terraço recebe-me duro e a coluna insatisfeita retrai-se defensiva abrandando, devía ter trazido a bengala [no bolso o cartão magnético para entrar]. Vasculho o piso, é impressionante o que se encontra da noite para este sol das dez, as gaivotas belas são do mais mortífero, talvez por isso nem se avistem no céu que pelo chão deixaram um rasto de carcaças de pequenos pássaros e até de pombos já feitos, o tamanho das asas mortas mede-lhes a envergadura que não voa mais, entristeço-me, perco-me nas baforadas de um cigarro entretido em desculpas de saída, não fumado, mais olhado no horizonte da chama dos barcos que parecem queimar-se como pontos luminosos. [De Sintra] Nem rasto de verde para a esperança de menos calor, só azul como mil canetas vazando no tinteiro aguado do Tejo [dou o braço a Eça], reentramos ao sombrio casarão.

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