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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Anteontem e hoje


 
Finco os dedos dos pés com força até sentir que a testa se engelha. A porta é a fronteira. Do lado de lá é saber o que sei e quería não saber, de cá é fincar os pés à espera de acordar de um pesadelo a somar aos tantos. Olhos abertos a ver a porta branco-concha e pedir que me impeça de eu ter o poder de pegar as chaves, rodar, abrir e ir de encontro ao que sei que não quero.
Ainda anteontem quería. Refilava, pugnava, defendia, amava e quería. Hoje, não sei se me importa e sendo assim não quero.
Finco os dedos dos pés com tanta força que me imagino a abrir buracos no chão de mármore e a despontarem-me raízes violentamente rápidas que se agarram ao centro da terra prendendo-me para sempre a este sitio e daqui assisto a tudo o que não quis arregalando os olhos ao ver o destino dos que como eu que não querendo não tiveram a sorte de se imaginarem árvore para se salvar.
 
Abro a porta.

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