Outra vez por favor.
A partir do segmento em que caio e digo que não quero levantar-me mais, não vale a pena, as pernas partidas afasto-as para o lado para que ninguém veja tão pouco de mim, e sem pés... agarrados às pernas inúteis, que farei da vida, agora, para o resto que não sei quanto dura?
De novo, a partir dos passos em que a força é maior que a dor e dos braços se fazem pernas e as mãos ensinam aos pés passos que endurecem as pernas até estas, impermeáveis, nunca mais saberem o que é dor. Só passos, só linhas desenhadas por mãos que se acham leves a dizer.
Nunca aprenderei, estou sempre a saber mais e nada me chega.
Os pés ensinam as mãos e estas florescem como se a Primavera fosse por dentro da minha cabeça, digo mais do que julgo saber, abraço mais nas linhas leves do que conto saber escrever, por cada passo, passos imitam o quanto da vida já passou e no entanto, tudo parece novo, tão novo que me acho incapaz de os saber dançar.
A partir daqui, por favor, da repetição em que erguida cresço e cresço, pés que me impulsionam à ponta dos dedos das mãos onde toco tecto, céu, linhas dançadas na pele dos abraços na entrega toda à vida. Não deixei de sentir dor, tão precisa nas pernas para desenhar caminhos novos, caír, levantar, chegar sem chegar para chegar sempre, sem fim, nada acaba, pés ensinam mãos.
Sem comentários:
Enviar um comentário