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domingo, 12 de julho de 2015

A descoberta do (outro) mundo


Era quase certo que mais uma forminha haveria de ficar perdida na areia, enterrada, misturada entre pegadas de muito ir e vir à procura de baldes de água na construção de um castelo que nunca crescería para além da vontade, que vontade mesmo era erguê-lo nos sonhos e ali à beira-mar era correr de pés livres do fresco do mar e chapinhar e fazer bonitos nos mergulhos para os pais verem.
A partir de certa altura, a guarda das formas que davam jeito às estrelas e aos corações batidos contra a areia molhada ficou apenas por minha conta porque afinal era eu a sua dona e a sua construtora e não cabía a outros andarem à hora da partida, a catar altos e buracos na descoberta dos coloridos do que eu perdera dos sentidos e da vontade.
Assim e já só duas forminhas a restar, decidi não voltar à praia com balde e pá, nada nas mãos a não ser as mãos e o que delas pudesse fazer. Mas era a imaginação que mais bulía. Nunca mais perdi nenhuma forminha e fiz castelos mais altos que eu mesma e com grande beneficio pois aconteciam em qualquer lugar e eu, golfinho reinventado, praticava a descoberta do mundo debaixo de água de olhos bem abertos.

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