Não há roupa de homem que me assente, a pele encrespa-se ao contacto e mesmo a seda se transforma em asperezas de lima que arrepanham até ao cabelo se levantar como crista de electricidade pegada na recusa que outra cousa que nua, pele de pele, me vista unicamente sem vergonha da simplicidade do traje.
Liberdade, liberdades, quando for grande vou ser livre, que este crescer demora tanto a chegar, que esta verdade demora tanto a acontecer, que quanto mais avanço mais presa me encontro nas verdades que me impelem a calar e de tanto as quererem que eu as esqueça minguo, fico-me pequena à espera e aprisionada, uma à vez de papel na mão a aguardar que me chamem, sou eu agora?
Não há vez que me assente, este campo onde corro vestida de pele e de verdades de seda macia faz-me grande mas é caminho secreto e privado, não entra nele os que me mandam esquecer e ter cuidado.
Um dia destes, cresço para todos verem. Mas nesse dia, deixo de me importar com o jogo das mentiras porque serei finalmente livre.
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