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segunda-feira, 1 de junho de 2015

Previsivelmente


 
Previsivelmente as noites encurtam-se (ainda mais) no inicio da semana útil, sempre foi assim e sempre (possivelmente) assim o será. Não quer isto dizer que o pontapé de saída se faça torto e a carranca assuste os demais ou pelo menos mais do que o costume. Todavia, o caiado da noite atirou-se para trabalhos de mão que não os de segurar a caneta mas literalmente o pincel, e melhor tería sido se do condicional tivesse passado à acção de galgar o escadote e mão no balde molhasse a imaginação na fertilidade com que a evolução despachada arrumou o cómodo pintado e decorado a novo.
Insisti que a veia me levasse noutra direcção. Até noutros sentidos. Mas as cores alagaram-me o cérebro, mancharam a almofada, o relógio espreitado pelas 3H20 e de blasfémia contra a palete e a insónia fiz a procissão de pé descalço - previsivelmente - até à cozinha: água, maçã, água, caminho inverso. Imaginei um pintor no quarto todo vestido de branco a pintar o quarto de branco, os móveis de branco, os gatos, o cão, eu. Nada mais restaria nesta paisagem para além dele senão branco e finalmente ele passaria com o pincel sobre si mesmo.
Não sei se foi o branco que engoliu as cores se tinha chegado a altura de adormecer.

1 comentário:

Teresa Durães disse...

No branco tudo se pode inscrever!