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quarta-feira, 3 de junho de 2015

Contrariar [para ir ao lugar]



A estória do costume como uma pílula diária, tão pouco se aguarda uma resposta ou pelo menos que haja interesse no que se responda, pelo que poupo à sonoridade da minha articulação, poupo-me, lá porque o meu interlocutor não é os do costume não quer dizer que hoje seja diferente mais ainda que este gosta de se ouvir, pergunta se esteve bem, pede para lhe dizerem como é tão bom, emito um som indicador de inicio de conversa, talvez se adivinhe que eu vá responder mas sei que vou ser interrompida, assim espero, é manhã cedo e está demasiado calor, não gosto de falar pela manhã e sobretudo elogios a pedido e sobretudo adivinhar o final do filme e sobretudo falar para ser contrariada.
Porque será que tudo o que diga a este é sempre o contrário do que ele diga?
Já experimentei em dizer o contrário do que penso só para ele negar e assim acabamos por concordar sem ele saber. Retorcido este raciocínio. 
É uma viagem de palavras. Na boca dele. Com erros ortográficos. Vejo-lhe os "deia" pendurado entre dentes até penderem no lábio inferior e se estatelarem no chão. Mesmo que eu tente, porque começo a sentir-me sufocada de tanta patacoada dita, retorquir ou interpelar não tenho permissão porque não se cala, fala por cima de mim ou ignora, e agora estou oficialmente entupida porque zangada, apercebo-me da perda de tempo que é usar o verbo com certo tipo de pessoas que não sabe o que são as palavras, para que servem, a educação de o usar no tempo certo e o desperdício do desperdício das minhas explicações mudas faz-me suar pelo calor desmesurado, pela interrogação que me faço sobre o que terei feito para merecer tal sina e finalmente, a vontade que tenho de lhe dar uma pancada na cabeça a ver se alguma coisa vai ao lugar.

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