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segunda-feira, 18 de maio de 2015

So-le-tra-da-men-te



Arrefecem a conversa, disfarces mal postos nas barbas alheias, o meu ouvido recolhe tudo e mais o que não desejo, o que se prontifica e traz para casa a remoer na noite passeada e o que lhe cai do alto, bate no chão e de ricochete entra cá dentro.
Com filtro e sem filtro. Sem descanso.
Estas bocas imparáveis que devoram insaciavelmente o alfabeto, tantas vezes sem misericórdia de olhar a quem pelo simples gosto de mastigar, encher a boca e filar nas palavras com raiva nos dentes a crescer das gengivas inchadas, cuspo a mais que puxa pelas palavras de outros e outros mais, um ruído surdo que não consigo deixar de ouvir, também de mim, e pensam que ninguém se ouve, que códigos os isolam nos risinhos baixos entremeados na exclamativa figurada!
Oh pá! A sério?!
Mesmo!
Jura.
So-le-tra-da-men-te empurram-se, convidando-se. Apanho bocados. Sem filtro. Como beatas fumadas e mal saborosas em que enganosamente se puxam segredos de outrem. E não os desejando engasgo-me de um fumo pardo em que se misturam palavras trituradas sem suco com outras cheias de azedume e cobardia.
Também salvo sons bons, palavras inteiras. Essas tinem mais, arrefecem o ruído.

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