Afundo-me em águas geladas e conhecidas, sei o que tenho de fazer e como hei-de fazer para escapar do fundo, um fundo de mim que embora tantas vezes batido pelos calcanhares nunca o vi de olhos. Sabía-me bem agora a companhia desses tantos que nunca me largam, pelo menos dois a segurarem-me pela cova dos braços e no amparo não me deixarem na desolação do público a perguntar se preciso de socorro que a resposta, preciso, mas sempre direi que não. Não é orgulho nem casmurrice, é só vergonha, disfarce, vontade de me pôr a correr dali para fora mesmo encharcada e afundada, cega e surda de zumbidos, quero o meu esconderijo, a minha casca, a minha árvore, quero enrolar-me no canto e soçobrar de vez até ao fundo de calcanhares batendo com força para com mais força submergir de olhos abertos à procura da luz do dia e da certeza de qual mundo estou.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
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