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sábado, 2 de maio de 2015

Nua (verdade)



 
Não é nem nunca foi falta de pudor, nunca foi, afinal uma sensação de leveza, despojo no sentido de nada esconder, ou simplicidade, uma pureza, não haver vergonha de corpo no sentir, o corpo dos sentidos como se estes se materializassem numa boca, lábios, língua, o tudo dizer. Depois o vazio, depois a sensação de plenitude ao saber que se conseguiu dizer. Finalmente a coragem. Sem interrupções. Chegar e falar, escrever, desatar a escrever como um louco sem importar o nexo do inicio dos parágrafos, a porcaria da pontuação certinha, apenas a oralidade da caneta nas folhas como um interlocutor que de quando em vez nos interroga nas reticências aproveitando a pausa para interpelar, sim isso mesmo, ou então voltar atrás para corrigir e aperfeiçoar o contexto, desatar a escrever sem parar e nem sequer importam as letras comidas na velocidade, ao final introduz-se o que falta e retiram-se os excessos do eito dos dedos trocados na dislexia, o cérebro fotografa truques e os olhos deixam-se ir na paródia.
Visto-me.
A pele das letras tem o condão de arrepiar depois de lida, a verdade é azul desenhada, fecho o caderno não vá alguém ter-me visto.
 
 

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