Hoje nem sinal de voo, perdição de quinta-feira, dia de boi, desperdício de imaginação quanta e pernas gastas em degraus forrados a películas antiderrapantes para atingir planaltos que se derrapam em desertos fabricados de cimentos, ferro, cenário postiço de celulose pintado a imitação de chegar ao céu, gaivotas, uma que fosse de verdade.
Hoje nem sinal de uma, esqueceram-se, dia do boi e este que não voa e nem pasto à vista ou verde que morda aos olhos para despertar a vontade de ter vontade de voar.
Só me lembro de pernas a arder pelo consumo de degraus e de quedas por caír e tenho vontade de arrancar cuidados para não ter de imaginar. Caír. Todos. Ver dores de verdade sem cenários ou fingidas simpatias pelas dores imaginadas nunca sentidas, nunca próximas, nunca saboreadas quando ditas que sabem o que se sente. Nunca degraus.
Hoje só sinal de cimento. É bem provável que as gaivotas tenham desaprendido voos e venham pelas escadas.
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