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sexta-feira, 17 de abril de 2015

O mesmo céu




Viajar acompanhado implica conhecer o outro e partilharem dos mesmos interesses. Não tem lógica convidar-se alguém para ir a Roma quando o outro não tem qualquer motivação para ver pedras. Esta é uma forma simplista de ver a coisa, mas realista se o tempo de viagem é curto, o dinheiro limitado e o programa está à partida desenhado pelo gosto há muito ansiado de ver determinados locais que sempre se imaginaram como seríam ao vivo.
Isto para dizer como foi apreciar a conversa entre dois amigos que se gostam mas ficaram surdos e teimosos perante o destino selecionado por um deles.
Um deles, farto de aí ir e conhecedor de todas as ruas, insistia com o outro que bom mesmo era ir assistir ao vivo a um espectáculo de music hall, sala cheia, a ambiência (e fechava os olhos desenhando floreados com um dos braços), os comentários do próprio público, imperdível!.
O outro, de olhar modesto perante a sua escolha murmurava o Museu de História Nacional e suspirava para logo ficar sem ar nenhum perante o ar critico do companheiro (não queres estar fechado numa sala de teatro e queres fechar-te num Museu?!)
Eu sorria, ría e até uma lágrima se esmigalhou de tal cena de disputa de argumentação, que era boa de verbança e do gesto não lhe ficava atrás.
Mas quando a revelação sobre a escolha da companhia surgiu, perdi o pio e um dos dois também.
É que nisto de viajar junto, ou se amam as pedras ou se fica em casa. Haja o mesmo céu!

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