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sábado, 21 de março de 2015

Uma idéia, uma raíz



Com a idéia na cabeça de uma Primavera chamada à pressa, apressei-me a rigor à primeira fila, brancos de traje e sapatos leves, pensei em relva aparada curta ainda com o toque picante do rente que dá vontade de pisar na pressão da carne, afinal os ditos sapatos leves são de estréia e até magoam os calcanhares e o sol novo pede descaramento no peito do pé, sempre me disseram que as meninas sardentas são típicas de afoito e não quero deixar créditos para outrem, faça-se a vontade pois, descalça, pronta e de braçados de flores a quantas conseguir agarrar que as mãos são pequenas demais para tanto que quero, o mais que me encanta é a cor e depois o cheiro e depois o nome e depois tudo e até o besouro que tenta lá morar e que persigo nos dedos de pinça para enfiar dentro de um sapato novo, afinal outra serventia sem ser roer um pé, uma raíz, um pensamento, uma estaca que seja que me prenda a esta idéia de que um dia hei-de cá voltar, por muitas estações afora, já sem tempo de haver tempo de dizer quando haviam Primaveras e se vestiam vestidos brancos nesse primeiro dia, apenas uma luz sobre a copa que agora se esverdinha nesta árvore e esconde lá em baixo uma menina de sapatos na mão.

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