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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Ninguém pode com o coiso




Tento distanciar-me, alongo a passada, contraio os músculos abdominais e concentro-me na fuga. Nem mesmo assim: O par colado atrás de mim constituído por duas mulheres alimentou-se da minha aceleração e espevitou os calcanhares. É delas que quero escapar, da sua conversa. Há vários metros de passeio que os decibéis me escarafuncham o bicho do ouvido sobre um tema de enfermidades na família de uma delas, a busca sobre médicos de especialidade, os telefonemas, tudo ao pormenor, tudo a nú e arrematado no final das frase pela palavra coiso.
Hei-de continuar mais adiante a verificar na minha infrutífera fuga, que o coiso me há-de perseguir, estacionar nos sinais luminosos enquanto aguarda o verde dos peões, plantar-se enquanto arranca toda a espécie de arvoredo rasteiro e palmeiras a eito, toda a paisagem se derruba porque o coiso é poderoso como um adjectivo, mais! Um superlativo que arrasa até nada restar!
E nem mesmo as duas de bofes de fora pela caminhada forçada conseguem - finalmente - resistir-lhe, soprando, dobradas, e ficando para trás, que esta senhora aqui da frente  [EU] anda que nem coiso!!!

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