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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Véspera [de uma dor]


 
De manso vem a dor chegando mesmo que a passos silenciosos tente escapar-lhe e evite as palavras dos festejos, não a quero alertar para o momento, minto com a boca, trai-me a alma antiga, outra desde há dias aprisionada em afazeres de canela, limão, colo e abraços, brindes de casa cheia, imito a invisível e sigo as horas.
Atinge-me [afinal sou alvo tão fácil] nas costas, no peito, no ventre, nos olhos, arrasta-me pelos braços e leva-me outra vez a aromas da memória, sons e cores esbatidos na história do meu reviver vestindo-me na que sou, apertando laços, fechando botões a casas, oferecendo-me como manjar principal da minha própria fuga.
Assisto-me e fico mentirosamente feliz de me ver feliz, a dor permanece, um frio que corta as entranhas e não me deixar ficar, não me deixa ser, para quê lembrar sem poder voltar a ter.


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