Um luxo, e já que me foi concedido, esbanjo-o, porque não é coisa que se poupe, sei que de seguida vem morder-me os calcanhares, a nuca, a alma, correr atrás de mim ou eu atrás dele que o tenho feito toda a vida e desde que me lembro ou desde que tenho essa memória é sempre um atraso constante, sempre qualquer coisa em falta ou algo mais por fazer ou ainda resta isto ou aqueloutro por tratar e sem tempo.
Tempo, tempo, tempo, um crescendo que se escapa, um minguado que se atola e alteia na medida da importância que se lhe dá. Acabei por aprender. Nada fazer gasta tanto quanto o fazer muito.
Por isso hoje deixo apenas que o frio traga o sol deste dia límpido de contornos exactos em que os minutos terão a certeza da sua durabilidade enquanto de olhos fechados, me aqueço a pensar na beleza de tantos dias claros que já tive, outros tantos ainda por desejar.
Sem comentários:
Enviar um comentário