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sábado, 15 de novembro de 2014

[Re]Encontros nos passos [ou nas letras]



Sentou-se ao meu lado e puxou um trago de fumo que lhe escondeu o rosto, não sei como o faz mas fá-lo de forma tão cinéfila que me prendo no instante até a nuvem tóxica se elevar e dissipar pela sala, resta um aroma a cedro ou talvez sejam avelãs tostadas, fico hesitante e perco-me na decisão olfactiva e quando apanho as palavras que me diz já nada do discurso faz sentido, sinto-me a despertar com um beliscão e no entanto tenho estado sempre de olhos abertos e bem atenta, então para onde foram os restantes sentidos que me desoriento e não sei se diga sim ou se responda não? Continua sentado e na mesma posição, leva o cigarro enrolado aos lábios, desvio o olhar mas ele está calado e sinto que espera, observando-me, que eu lhe responda.
Agarro a caneta de tinta permanente, abro o caderno e aponto ao topo da página.
Ele apaga o cigarro, sinto o calor da face dele próxima da minha, a mão dele sobre a minha, guia-me as letras sem me forçar.
Agora sei do que estava à espera que eu lhe dissesse, claro que tive saudades, muitas e não quero que parta outra vez, há noites mágicas que só ele conhece e pode contar nos sons de vida, nos passos de morte.
 
 

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